Os americanos subscrevem, atualmente, duas concepções equivocadas: a primeira é a ideia de que o comunismo deixou de ser uma ameaça quando a União Soviética implodiu; a segunda é a crença de que a Nova Esquerda dos anos sessenta entrou em colapso e desapareceu também. "Os Anos Sessenta Estão Mortos," escreveu George Will ("Slamming the Doors," Newsweek, Mar. 25, 1991).
Uma vez que, como movimento político, a Nova Esquerda não tinha coesão, ela desmoronou. No entanto os seus seguidores reorganizaram-se e formaram um sem número de grupos dedicados a um só tópico. É devido a isso que hoje temos as feministas radicais, os extremistas dos movimentos negros, os ativistas "pela paz", os grupos dedicados aos "direitos" dos animais, os ambientalistas radicais, e os ativistas homossexuais.
Todos estes grupos perseguem a sua parte da agenda radical através duma complexa rede de organizações tais como a "Gay Straight Lesbian Educators Network" (GSLEN), a "American Civil Liberties Union" (ACLU), "People for the American Way", "United for Peace and Justice", "Planned Parenthood", "Sexuality Information and Education Council of the United States" (SIECUS), e a "Code Pink for Peace".
Tanto o comunismo como a Nova Esquerda encontram-se vivos e com boa saúde, aqui na América, preferindo usar palavras de código tais como: tolerância, justiça social, justiça econômica, paz, direitos reprodutivos, educação sexual e sexo seguro, escolas seguras, inclusão, diversidade e sensibilidade. Tudo junto, isto é marxismo cultural mascarado de multiculturalismo.
O nascimento do multiculturalismo
Antecipando a tempestade revolucionária que iria transformar o mundo num inferno de terror vermelho, levando ao nascimento da terra prometida de justiça social e igualdade proletária, Frederick Engels escreveu: Todas as (...) grandes e pequenas nacionalidades estão destinadas a desaparecer (...) na tempestade revolucionária mundial (...). (Uma guerra global) limpará todas (...) as nações, até os seus nomes. A próxima guerra mundial resultará no desaparecimento da face da Terra não só das classes reacionárias (...) mas (...) também dos povos reacionários. ("The Magyar Struggle," Neue Rheinische Zeitung, Jan. 13, 1849).
Quando a Primeira Grande Guerra terminou, os socialistas perceberam que algo não havia corrido bem, uma vez que os proletários do mundo não haviam prestado atenção ao apelo de Marx de se insurgirem em oposição ao capitalismo abraçando, no seu lugar, o comunismo. Devido a isto, começaram a investigar o que havia acontecido errado.
Separadamente, dois teóricos marxistas, Antonio Gramsci (Itália) e Georg Lukacs (Hungria), concluíram que o Ocidente cristianizado era o obstáculo que impedia a chegada da nova ordem mundial comunista.
Devido a isto, eles concluíram que, antes da revolução ter sucesso, o Ocidente teria que ser conquistado. Gramsci alegou que, uma vez que o Cristianismo já dominava o Ocidente há mais de dois mil anos, não só esta ideologia estava fundida com a civilização ocidental como ela havia 'corrompido' a classe operária.
Devido a isto, afirmou Gramsci, o Ocidente teria que ser previamente descristianizado através duma "longa marcha através da cultura". Adicionalmente, uma nova classe proletária teria que ser criada. No seu livro "Cadernos do Cárcere," Gramsci sugeriu que o novo proletariado fosse composto por criminosos, mulheres, e minorias raciais. Segundo Gramsci, a nova frente de batalha deveria ser a cultura, começando pela família tradicional e absorvendo por completo as igrejas, as escolas, a grande mídia, o entretenimento, as organizações civis, a literatura, a ciência e a história. Todas estas instituições teriam de ser transformadas radicalmente e a ordem social e cultural teria que ser gradualmente subvertida de modo a colocar o novo proletariado no topo.
O protótipo
Em 1919, Georg Lukacs tornou-se vice-comissário para a Cultura do regime bolchevique de curta duração de Bela Kun, na Hungria. Imediatamente ele colocou em marcha planos para descristianizar a Hungria, raciocinando que, se a ética sexual cristã pudesse ser fragilizada junto às crianças, o odiado patriarcado e a Igreja sofreriam um duro golpe.
Lukacs instalou um programa de educação sexual radical e palestras sexuais foram organizadas; foi distribuída literatura contendo imagens que instruíam graficamente os jovens a enveredar pelo "amor livre" e pela intimidade sexual (ao mesmo tempo a mesma literatura os encorajava a ridicularizar e a rejeitar a ética moral cristã, a monogamia e a autoridade da igreja). Tudo isso foi acompanhado por um reinado de terror cultural perpetrado contra os pais, sacerdotes e dissidentes.
Os jovens da Hungria, alimentados com uma dieta constante de neutralidade de valores (ateísmo) e uma educação sexual radical, ao mesmo tempo em que eram encorajados a revoltar-se contra toda a autoridade, facilmente se transformaram em delinquentes que variavam de intimidadores e ladrões menores, a predadores sexuais, assassinos e sociopatas. A prescrição de Gramsci e os planos de Lukacs foram os precursores do que o marxismo cultural, mascarado de SIECUS, GSLEN, e a ACLU - agindo como executores da lei judicialmente aprovados - mais tarde trouxe às escolas americanas.
Construindo uma base
No ano de 1923 foi fundada na Alemanha de Weimar a Escola de Frankfurt - um grupo de reflexão marxista. Entre os fundadores encontravam-se Georg Lukacs, Herbert Marcuse, e Theodor Adorno. A escola era um esforço multidisciplinar que incluía sociólogos, sexólogos e psicólogos. O objetivo primário da Escola de Frankfurt era o de traduzir o marxismo econômico para termos culturais.
A escola disponibilizaria as ideias sobre as quais se fundamentaria uma nova teoria política de revolução, aproveitando o novo grupo "oprimido" no lugar do proletariado infiel. Esmagando a religião e a moralidade, a escola construiria também um eleitorado junto aos acadêmicos que fariam carreiras profissionais estudando e escrevendo sobre a nova opressão.
Mais para o final, Herbert Marcuse - que favorecia a perversão polimorfa - expandiu o número do novo proletariado de Gramsci de modo a que se incluíssem os homossexuais, as lésbicas e os transexuais. A isto se juntou a educação sexual radical de Lukacs e as táticas de terrorismo cultural. A "longa marcha" de Gramsci foi também adicionada à mistura, sendo ela casada à psicanálise freudiana e às técnicas de condicionamento psicológico. O produto final foi o marxismo cultural, hoje em dia conhecido no Ocidente como multiculturalismo.
Apesar disso tudo, era necessário mais poder de fogo intelectual, uma teoria que patologizasse o que teria que ser destruído. Nos anos 50, a Escola de Frankfurt expandiu o marxismo cultural de modo a incluir a ideia da "Personalidade Autoritária" de Theodor Adorno. Tal ideia tem, como premissa, a noção de que o Cristianismo, o capitalismo e a família tradicional geram um tipo de caráter inclinado ao racismo e ao fascismo.
Logo, qualquer pessoa que defenda os valores morais tradicionais da América, bem como as suas instituições, é ao mesmo tempo um racista e um fascista.
O conceito da "Personalidade Autoritária" defende também que as crianças criadas segundo os valores tradicionais dos pais irão tornar invariavelmente racistas e fascistas. Como consequência, se o fascismo e o racismo fazem parte da cultura tradicional da América, então qualquer pessoa educada segundo os conceitos de Deus, família, patriotismo, direito ao porte de armas ou mercados livres precisa de ajuda psicológica.
A influência perniciosa da ideia da "Personalidade Autoritária" de Adorno pode ser claramente vista no tipo de pesquisas que recebem financiamento através dos impostos dos contribuintes.
Em agosto de 2003, a "National Institute of Mental Health" (NIMH) e a "National Science Foundation" (NSF) anunciaram os resultados do seu estudo financiado com 1.2 milhões de dólares, dinheiro dos contribuintes. Essencialmente, esse estudo declarou que os tradicionalistas são mentalmente perturbados. Estudiosos das Universidades de Maryland, Califórnia (Berkeley), e Stanford haviam determinado que os conservadores sociais... sofrem de "rigidez mental", "dogmatismo", e "aversão à incerteza", tudo com indicadores associados à doença mental. (http://www.edwatch.org/ - 'Social and Emotional Learning" Jan. 26, 2005)
O elenco orwelliano de patologias demonstra o quão longe a longa marcha de Gramsci já nos levou.
Uma ideia correspondente e diabolicamente construída é o conceito do "politicamente correto". A sugestão forte aqui é que, para que uma pessoa não seja considerada "racista" e/ou "fascista", não só essa pessoa deve suspender o julgamento moral, como deve abraçar os "novos" absolutos morais: diversidade, escolha, sensibilidade, orientação sexual, e a tolerância. O "politicamente correto" é um maquiavélico engenho de "comando e controle" e o seu propósito é a imposição de uma uniformidade de pensamento, discurso e comportamento.
A Teoria Crítica é outro engenho psicológico de "comando e controle". Como declarado por Daniel J. Flynn, "a Teoria Crítica, tal como o nome indica, só critica. O que a desconstrução faz à literatura, a Teoria Crítica faz às sociedades." (Intellectual Morons, p. 15-16). A Teoria Crítica é um permanente e brutal ataque, através da crítica viciosa, aos cristãos, ao Natal, aos Escoteiros, aos Dez Mandamentos, às nossas forças militares, e à todos os outros aspectos da sociedade e cultura americana.
Tanto o "politicamente correto" como a Teoria Crítica são, na sua essência, intimidações psicológicas. Ambas são maços de calceteiros psicopolíticos através dos quais os discípulos da Escola de Frankfurt - tais como a ACLU - estão procurando forçar os americanos a se submeterem e a obedecerem aos desejos e planos da esquerda. Estes processos desonestos não são mais do que versões psicológicas das táticas de "terrorismo cultural" de Georg Lukacs e Laurenti Beria.
Nas palavras de Beria: A obediência é o resultado do uso da força (...). A força é a antítese das ações humanizantes. Na mente humana isto é tão sinônimo de selvageria, ilegalidade, brutalidade e barbarismo, que é apenas necessário exibir uma atitude desumana em relação às pessoas para receber delas obediência. (The Russian Manual on Psychopolitics: Obedience, por Laurenti Beria, chefe da Polícia Secreta Soviética e braço direito de Stalin.).
Pessoas com pensamento contraditório, pessoas que se encontram "em cima do muro", também conhecidos como "moderados", centristas e RINOs (ed: RINO= Republicans In Name Only, isto é, falsos republicanos), carregam consigo a marca dessas técnicas psicológicas de "obediência". De uma forma ou outra, tais pessoas - que em casos literais se encontram com medo de serem vítimas dos agentes de imposição de obediência - decidiram ficar em cima do muro sob pena de serem consideradas culpadas de terem uma opinião.
Ao mínimo sinal de desagrado dos agentes de imposição da obediência (isto é, polícias do pensamento), estas pessoas içam logo a bandeira amarela de rendição onde está escrito de forma bem visível: "Eu não acredito em nada e eu tolero tudo!".
Determinismo cultural
A cavilha da roda [inglês: "linchpin"] do marxismo cultural é o determinismo cultural, parente da política de identidade e da solidariedade de grupo. Por sua vez, o determinismo cultural foi gerado pela ideia darwiniana de que o homem mais não é que um animal sem alma e que, portanto, a sua identidade - a sua pele, as suas preferências sexuais e/ou as suas preferências eróticas - é determinada pelo exemplo.
Esta proposição rejeita o conceito do espírito humano, da individualidade, do livre arbítrio e de uma consciência moralmente informada (associada à culpabilidade pessoal e à responsabilidade) uma vez que ela nega a existência do Deus da Bíblia.
Consequentemente, e por extensão, ela rejeita também os primeiros princípios da liberdade americana enumeradas na Declaração de Independência. Estes são os nossos "direitos inalienáveis, entre os quais se encontram a vida, a liberdade e a busca da felicidade." O marxismo cultural deve rejeitar todos estes princípios porque eles "foram doados pelo nosso Criador" que fez o homem à Sua Imagem.
Para David Horowitz, o determinismo cultural é... política de identidade - a política do feminismo radical, da revolução queer e do afro-centrismo - que formam a base do multiculturalismo acadêmico (...) uma forma de fascismo acadêmico e (...) de fascismo político também. (Mussolini and Neo-Fascist Tribalism: Up from Multiculturalism, by David Horowitz, Jan. 1998)
É dito que a coragem é a primeira das virtudes porque sem ela o medo paralisa o homem, impedindo-o de agir segundo as suas convicções morais e de falar a verdade. Assim, trazer um estado geral de medo paralisante, apatia e submissão às correntes da tirania, é o propósito final do terrorismo cultural psico-político, uma vez que a agenda revolucionária da esquerda comunista deve, a qualquer preço, estar envolta em secretismo.
O antídoto para o terrorismo cultural é a coragem e a luz da verdade. Se nós queremos vencer esta guerra cultural, reclamando e reconstruindo nosso país de modo que os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos possam viver numa "Cidade Resplandescente situada na Colina", onde a liberdade, as famílias, as oportunidades, o mercado livre e a decência florescem, temos que reunir a coragem de, sem medo, expor a agenda revolucionária da esquerda comunista à Luz da Verdade. A verdade e a coragem de declará-la nos libertará.
Linda Kimball é autora de diversos artigos e ensaios sobre cultura e política. Publicado no American Thinker - http://www.americanthinker.com
Tradução: Blog O Marxismo Cultural