Uma das falácias mais comuns utilizadas pelos esquerdistas é a tomada do todo pela parte ou o contrário. Chamo a esta falácia de a estratégia da justificação defensiva, pelo seguinte motivo. Você diz que o PT é o partido mais corrupto da história moderna da humanidade - esta é uma verdade objetiva, é a parte que importa, no caso - e vem o esquerdista alegando que a corrupção é um mal estrutural do capitalismo, em maior ou menor escala, que sempre esteve presente na nossa história e nas pequenas atitudes dos brasileiros, como dar um jeitinho nas coisas, tentar subornar um policial, colar nas provas e por aí vai ( o todo que justifica).
É só ver o caso de Leandro Karnal, um charlatão que a mídia adora e que faz comentários, com cinismo falacioso, sobre notícias, no Jornal da Cultura. Para ele, a nação inteira é corrupta, assim não devemos nos indignar com o Petrolão, nem culpar o PT, por exemplo, porque somos, indiretamente, responsáveis pela corrupção - o todo que justifica-. A premissa de que todos somos desonestos se infere de uma outra, mais ampla, antiga e oculta no argumento comunista, a de que a sociedade, sob o domínio da burguesia, é corrupta de modo sistêmico.
Não faz muito que a filósofa oficial do comunopetismo, Marilena Chauí, desandou a defender este estrupício conceitual e a vociferar contra a classe média, que ela diz ser criminosa. Como se nos regimes comunistas o signo principal, descontados a opressão e a miséria, não fosse, justamente, a corrupção. Já aos verdadeiros bandidos, Chauí empresta solidariedade. Assim, como não podem negar que o PT roubou de forma inigualável, a estratégia é relativizar o crime. Mas a verdade é que a grande maioria das pessoas, no mundo capitalista e democrático, se comporta nos limites da moralidade e da legalidade e condena, desde os pequenos até os megadelitos.
Mais ainda: não há termo de comparação entre a alegada leniência com pequenos delitos, que Karnal, bem como a tigrada intelectual esquerdista, nos atribui, e a megacorrupção induzida politicamente pelo PT . Este sim é uma organização criminosa que se instalou no estado, que inaugurou o Mensalão e o Petrolão, como revelou a justiça.
Esquerdistas caras-de pau (isto é uma redundância) partem para explicar a parte (a corrupção petista) pelo todo (más condutas genéricas das pessoas) para justificar a roubalheira desbragada de um partido político revolucionário, uma organização criminosa, na ideologia e nos métodos, que tentou eternizar-se no poder minando toda a base moral das relações sociais, econômicas e políticas do país. As consequências do avanço petista sobre a sociedade brasileira se farão ainda sentir por décadas.
* Professor de Filosofia.