• Alex Pipkin, PhD
  • 12/10/2019
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CRESCIMENTO E PROCRASTINAÇÃO NÃO ANDAM DE MÃOS DADAS

 


Etimologicamente, a palavra "procrastinar" se originou a partir do latim procrastinatus, significando, literalmente, "à frente de amanhã".

Sua noção remete para o adiamento de algo e, para o procrastinador, resulta numa sensação de perda de produtividade. Em determinadas situações, sensação de culpa! Todos nós procrastinamos, pessoas físicas e jurídicas.

Muito tem se falado e pesquisado sobre a procrastinação, envolvendo pessoas e organizações.

Uma mudança de hábitos indesejáveis pode ser alcançada por meio de pequenas mudanças, frequentes, com implicações no longo prazo. É preciso autocontrole. Mas necessidade de adaptação às alterações no ambiente se sobrepõe. O ser humano aprecia uma – falsa – sensação de controle das situações.

Muitos procrastinam por acreditar que aquilo que teria que ser executado "não é tão importante". "Depois" parece ser sempre a melhor decisão para – não - fazermos coisas que nos tiram da zona de conforto.

O pião da vida, nas economias de mercado, gira muito rápido. Tecnologias da informação inovadoras exacerbaram ânsia pelo instantâneo. Queremos, em tudo, a mesma agilidade do clicar dos dedos em celulares e laptops, a fim de dispormos de dados e informações.

No meio empresarial, a ordem é inovação, agilidade, flexibilidade e resposta rápida ao mercado. Crucial, dizem alguns, ser notado por primeiro. Afinal, na economia líquida, tudo se transforma rapidamente.

Porém, observa-se que organizações projetam e lançam produtos e serviços "inovadores – por serem novos", que fracassam nos mercados. Nem sempre novas tecnologias logram entregar utilidade real e melhores resultados práticos.

Neste cenário, é que entra em cena necessidade de uma certa dose – moderada – de procrastinação empresarial. Uma "grande ideia" não conduz necessariamente ao sucesso.

Provavelmente, a "grande ideia" já venha sendo incubada por muito tempo (deveria ser assim, ainda que não saibamos). Basicamente, consumidores precisam desta "solução"? Mais "racional" e prudente, poderia ser procrastinar no conceito de produto e serviços agregados, refletindo profundamente sobre necessidades dos consumidores, mal ou não atendidas.

Aparenta que sofremos de intrínseco otimismo irrealista, empurrado pela imposição de resultados e indicadores de curto prazo. Um pouco de conservadorismo, no sentido de analisar contexto e externalidades, abandonando a cegueira das paixões, poderia trazer melhores resultados.

Enquanto consumidores, também nosso piloto automático, por vezes, não ajuda! Quantas vezes já não nos arrependemos de ter comprado algo por impulso?
Interessante que no campo econômico, no Brasil, muitos ainda não querem inovar. Ou será comprometimento efetivo com os projetos importantes para a sociedade brasileira? Indivíduos geralmente preferem mais gratificações instantâneas do que futuras; no contexto político mais ainda, uma vez que reformas modernizantes não são populares.

Entretanto, por aqui, definitivamente, não há mais espaço para procrastinar. "O óbvio ululante"!

 *Alex Pipkin PhD