Não adianta... quero ser otimista nessas manhãs gélidas, escuras e desérticas de Porto Alegre, mas não tenho evidências de que o Brasil conseguirá mudar de rota, rumo a estrada das genuínas liberdades individual e econômica. Na verdade, os fatos apontam na triste direção contrária.
É exatamente por isso que fico alarmado com a facilidade com que gente que reputava como racional e inteligente, deixou-se levar pelos apelos bondosos e humanitários de togados ativistas e de governadores e de prefeitos, tomadores de decisões objetivamente autoritárias e desproporcionais, que acabaram por decepar nossas ESSENCIAIS liberdades individuais, sob pretexto de combater a Covid-19.
Partindo-se da premissa que as medidas de isolamento social drástico fossem até bem-intencionadas, no sentido de preservar "100% vidas", faltam a essas autoridades a compreensão dos exemplos históricos e cabais de que toda e qualquer ação humana tem consequências intencionais e não intencionais.
Pessoalmente, como desacredito na "ciência do isolamento", acho que os governantes jogaram eleitoralmente para a torcida, pelo patente desconhecimento do real funcionamento de uma economia de mercado, e pela falta de uma apreensão mínima de que a vida, inevitavelmente, possui suas umbilicais e inseparáveis dimensões da saúde física, econômica e social. Também me parece transparente que algumas dessas autoridades tinham a intenção de paralisar a economia, forçando o seu respectivo colapso, a fim de colherem os frutos políticos de tal atrocidade.
Nunca é demais alertar que burocratas estatais tomam decisões críticas sobre a vida econômica e social dos indivíduos, sem sentir e responsabilizarem-se pelo resultado de seus autoritários decretos e escolhas equivocadas.
Na vida pragmática real, a ordem surge de movimentos espontâneos que ocorrem "desorganizada e imprevisivelmente" por meio da ação de distintos desejos e objetivos individuais de cada cidadão, sabedor de suas próprias circunstâncias e de seu contexto idiossincrático. Não é pela canetada de burocratas que as pessoas agem! Nós, seres humanos, factualmente reagimos a todas as regulamentações e ordens impostas pelos governos, e nossas reações resultam em resultados que podem ser bem diferentes dos resultados pretendidos pelos burocratas estatais.
Suportados pela heurística da disponibilidade e pelo terrorismo midiático, grande parte dos nativos tupiniquins aceitou passivamente a perda de suas liberdades de ir e vir, de trabalhar e de se expressar, mesmo que inequivocamente isso signifique a falta de dinheiro para, inclusive, alimentar a si próprio e prover o mínimo necessário para a sobrevivência de suas famílias, no presente e no futuro.
Em minha singela avaliação, grande parte dos brasileiros perdeu a noção de que suas vidas passaram a ser ditadas, ipsis litteris, segundo a vontade de governantes que, infeliz e frequentemente, não apresentam traços de prudência, conhecimento e sabedoria que devem reger a vida econômica e social individual.
Os tentáculos estatais, além de destruírem a vida econômica dos indivíduos, agora podem avançar ainda mais, pelo aumento da intervenção em nossas vidas, regulando mais - não menos! - a economia e desestimulando a atividade econômica e a correspondente geração de empregos.
Regras trabalhistas sobre a definição de tipos de atividades "essenciais", horários de trabalho, exigências aos empregadores, bem como o aumento de impostos, vão ao encontro dessas consequências não intencionais e que afetarão os setores empresariais da indústria, do comércio, dos serviços e de todos os setores da vida verde-amarela.
Regulamentos estatais e do Pequeno STF, tais como o esdrúxulo projeto de lei das fake news, capando nossas liberdades de opinião e expressão, por exemplo, matam profissionais jornalistas, privando-os da liberdade de escrever e expressarem suas opiniões, além de acabarem com suas preciosas fontes de subsistência! Não existe abissal ameaça tão real e presente nesse país do que aquela apontada para o setor de tecnologia da informação... meu D´EUS!
Verdadeiramente, todo esse gigantesco número de decretos econômicos sobre nossas vidas individuais - afora os que estão por vir! -, mesmo que "bem-intencionados", trarão resultados extremamente nefastos para às liberdades individual e econômica, pois tais regramentos negligenciam as consequências não intencionais das ações desses governantes despreparados e populistas.
Pois é! Muitos brasileiros não se deram conta, ou não se importam com o fato de que essas intenções estatais puritanas, ao invés de resultarem em consequências positivas, estão efetivamente nos levando para um Estado socializante!
Cada vez mais, judicializa, burocratiza e rouba-nos as essenciais liberdades, a fim de que escolhamos pelo nosso livre arbítrio, como queremos viver, desenvolver nossos planos de vida e sermos felizes a nossa própria maneira!
Eu não temo me manifestar e contrapor-me a esse trágico estado de coisas, pois não quero viver, e tampouco desejo que meus filhos vivam, num regime que inevitavelmente só tem um destino - e certeiro: o do autoritarismo, da escassez de liberdades, da miséria, da pobreza e, portanto, da falta da crucial prosperidade econômica e social.
Claro, não a de burocratas estatais, mas dos comuns como eu e a grande massa da população brasileira!