Sílvio Lopes
O mundo, grosso modo, divide-se entre os que assumem o protagonismo de suas vidas, e os que se conformam em ser vassalos do Estado, de uma determinada ideologia -para ser bem contemporâneo- ou o que quer que seja. No fundo é isso mesmo. Trata- se, essencialmente, de uma questão de valores. Senão vejamos.
De onde vem e quais são, afinal, esses valores? Pouco avançamos nessa caminhada, por pressuposto. O que sabemos, modernamente, é que esse conjunto de valores surgiu na Europa com o Renascimento(séc. XIV ao XVI), e que permitiu uma era de descobertas e avanços no capitalismo mercantil; seguiu- se a era Barroca, o Iluminismo e o século XIX.
O filósofo Giovanni Pico della Mirandola disse, por exemplo, que "todo mundo tinha criatividade, ao contrário do que era ensinado à época", século XV. E que, sustentava ele, "essa criatividade podia mudar a vida de todos". Já Martinho Lutero, o sacerdote germânico, afirmava que "cada um tem o direito de pensar por si próprio". Michel de Montaigne, filósofo francês, sentenciou que "mudamos e crescemos ao encontrar desafios e novas experiências". Já David Hume, escocês, explicou que a mudança "vem do uso da imaginação", e Soren Kierkegaard, dinamarquês, arrematou: "havia um certo grau de ansiedade nesse novo tipo de sociedade que tomava conta da Europa, mas que isso era um subproduto inevitável de qualquer viagem rumo ao desconhecido- e que ninguém precisava pular fora do barco". Perceberam? Tudo podemos! Basta decidir e assumir nossa responsabilidade. Por nós mesmos, que seja. "Talvez não consigamos todos fazer a diferença, mas todos podemos tentar", foi o que propugnou o filósofo germânico Georg Hegel. Que tal tentar, tentar, e tentar?
O brasileiro, em particular, precisa mudar sua cultura da dependência do Estado ou da ideologia que permeou e tomou por inteiro seu inconsciente coletivo. E nos está carregando rumo às profundezas das trevas civilizatórias. Antes que seja tarde, é imprescindível e inadiável lutar com as armas de sua própria natureza para contribuir por um mundo melhor.
Como bem advertiu John Rockfeller( magnata e filantropo americano), " o mundo não deve o sustento a ninguém, senão que a oportunidade de todos e cada um de buscar o seu sustento". A sua felicidade, enfim. Não é mesmo?
* O autor, Silvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.