• José Antônio Giusti Tavares
  • 18/06/2015
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ANTISSEMITISMO COMUNISTA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA


(Publicado originalmente em www.polibiobraga.com.br)

O Professor Luis Milman, conhecido pela propriedade e pelo rigor de suas atitudes quanto às questões políticas, denunciou o grave documento no qual o Pró-Reitor de Posgraduação da Universidade Federal de Santa Maria instou a comunidade acadêmica a identificar nomear os israelitas que em qualquer condição exerciam atividade do campus daquela instituição, invocando tratar-se de uma solicitação que respondia a requerimento de duas ou três entidades locais, entre as quais o Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino, buscando desagravar as ofensas físicas e morais infligidas àquele povo pelo Estado de Israel. Segundo o documento do Pró-Reitor, o atendimento ao pedido respondia a um imperativo da lei do acesso à informação. Ulteriormente o Reitor e outros membros da alta administração da Universidade simplesmente confirmaram o ato do Pró-Reitor.

A partir da denúncia do Professor Paulo Milmanl, três judiciosos jornalistas, Políbio Braga, Reinaldo Azevedo e Vitor Veira, dedicaram largos e continuados espaços editoriais à condenação veemente desse insólito crime de racismo, que lembra os primórdios da propaganda nazista.

Há pelo menos dois conjuntos de motivos que impõem ao autor deste breve artigo o dever de somar-se, embora um pouco tardiamente, ao clamor dos três magníficos analistas políticos ora mencionados diante daquele nojento absurdo moral.

Exerci ao longo de mais de três décadas a docência de ciência política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e por períodos alternados atuei como convidado, em pesquisa e em ensino, na Fondation Nationale des Sciences Politiques, de Paris, e da Notre Dame University, de Indiana/US; enfim, cerca do ano 2000, perturbado menos pelos totalitarismos clássicos – o comunismo russo, o fascismo italiano e o nacional-socialismo alemão – do que pela rápida expansão do PT, o ovo da serpente que já ameaçava o país, distanciei-me da minha área de concentração – o estudo da representação política e dos sistemas eleitorais – passando a dedicar-me a investigar o tema tenebroso e complexo do petismo, que denominei totalitarismo tardio. Aposentado da UFRGS, tive o privilégio de ensinar ciência política em posgraduação na Universidade Federal de Santa Maria, a convite do Professor Selvino Malfati, em período de dois anos, durante o qual nunca tive o dissabor de presenciar tamanha barbárie como a que ora me produz indignação e tristeza. Uma visita cordial aos dirigente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, que aliás havia silenciado e tentar silenciar o Professor Milman sobre a grave ofensa não pode repará-la, simplesmente porque esse dirigente não é o povo ou Estado de Israel nem seu embaixador.

O argumento dos reitores da UFSM ultrapassa a idiotia porque a lei do acesso à informação não pode dar mais legitimidade ao crime que a informação serve do que o porte legal de arma ao assassino.

Por fim, o Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino, a organização mais ativa na produção do evento que manchou a imagem da UFSM tem como membro o deputado petista Paulo Pimenta, que publicou em seu espaço midiático um artigo tendencioso sobre a questão palestina, evadindo-se da responsabilidade com a evasiva de que não fora de sua autoria. Nos últimos tempos de seu governo, Tarso Genro simplesmente revogou um acordo de investimento com uma empresa israelita de tecnologia avançada, que beneficiaria consideravelmente o Rio Grande do Sul, com fundamento ano bloqueio da esquerda internacional contra Israel ao qual certamente o ultracomunismo petista deveria marcar presença.

Líderes judeus construíram o primeiro Estado comunista do mundo e foram destruídos pelo seu segundo ditador: entre eles a mão assasssina daquele Estado estendeu-se até o México para eliminá-lo insidiosa e cruelmente.

Concluída a segunda guerra mundial, a nação judaica, emergindo da tragédia do Holocausto, mas dispersa e sem pátria, edificou-se como Estado, Israel, habitando o Oriente Médio por consenso humanitário das nações. Mas, ao fazê-lo, cometeu dois graves erros, ambos não voluntários mas inerentes à grandeza de sua cultura: instalou nos limites do mundo eslavo e árabe a cultura e os valores do Ocidente – de origem civilização heleno-judaico-cristã, que desafiava o sonho czarista imorredouro da Terceira Roma, que sobreviveu mais vigoroso com o comunismo e sobrevive ainda mais forte sob Putin. Por esse motivo o namoro inicial de Stálin com Israel durou muito pouco.

Israel é a trincheira avançada da cultura ocidental e agredi-la define os inimigos do Ocidente ou, o que é o mesmo, de toda a verdadeira cultura e espiritualidade.

Por esse motivo, Professor Luis Milman, te saúdo, saúdo a tua coragem e o teu desassombro diante dos fantasmas que cercam a civilização.