Alex Pipkin, PhD
Vivemos na era da mentira escrachada, disfarçada sob o véu do “fazer o bem”, do altruísmo não virtuoso, mas hipócrita. Narrativas e falácias se sobrepõem aos fatos, e a virtude não se encontra na ação, mas nas encenações dos teatros dantescos.
Reiteradamente, tenho afirmado que a proposição de valor de uma empresa é muito mais importante do que o badalado e nobre propósito, ou seja, o de servir o bem coletivo. Não, o que vale mesmo é o valor entregue, aquele que satisfaça melhor as necessidades e desejos dos clientes, a fim de que uma empresa possa lucrar - e se perenizar.
Não se deixe enganar pela adesão ao nobre discurso do - pseudo - bom-mocismo -, aludido pelo propósito empresarial altruísta. Não seja ludibriado pela mentira conveniente, construída para seduzir mentes condicionadas pelo coletivismo e pela culpa.
Notadamente, verifica-se uma inversão moral, em que a intenção declarada, a sinalização de virtude, vale mais do que os resultados concretos. Tal questão é uma das maiores fraudes intelectuais da nossa era. As empresas não existem para melhorar o mundo, mas sim para gerar lucro para seus acionistas, satisfazendo os consumidores. Ponto.
O lucro não é apenas moralmente legítimo, mas o único motor sustentável para o progresso humano. Na onda do mar da hipocrisia das narrativas, uma investigação acurada sobre o mito de “fazer o bem para mundo”, propalado pelos gênios do Vale do Silício, revelou que a única coisa que esses pensam, é fazer o bem para eles próprios, isto é, ganhar muito dinheiro e lucrar.
Startups se apresentam como cruzadas éticas, prometendo salvar o meio ambiente, reduzir desigualdades ou promover a inclusão. Vendem discursos de impacto social como se fossem um produto em si; uma mercadoria para consumo emocional. No entanto, bastam algumas linhas de análise para perceber que por trás das frases prontas está o mesmo objetivo que sempre moveu os empreendedores: ganhar dinheiro. Não há problema nisso!
O verdadeiro problema é a mentira necessária para manter a fachada. Se uma empresa diz abertamente: “Estamos aqui para ganhar dinheiro oferecendo um produto que melhora a vida de quem quiser pagar por ele”, ela é vista como egoísta, gananciosa ou até imoral. Mas se essa mesma empresa esconde seu interesse próprio atrás de um discurso de “mudar o mundo”, ela será celebrada como virtuosa.
Essa é a contradição da era das narrativas: o interesse próprio declarado é condenado pelos sinalizadores de virtude, enquanto o interesse próprio disfarçado de bom-mocismo é exaltado.
Falo da busca consciente do próprio interesse sem sacrificar os outros, mas oferecendo valor em troca de valor. Quando um empreendedor cria um produto ou serviço que melhora a vida de seus clientes, ele o faz para obter lucro, mas somente o obterá se os clientes escolherem voluntariamente pagar por aquilo.
Steve Jobs não construiu a Apple para salvar o mundo, mas para criar produtos que ele próprio gostaria de usar, e o mundo se tornou melhor como consequência disso. O paradoxo é claro: quanto mais um indivíduo busca seu próprio interesse de forma produtiva, mais ele beneficia os outros, mesmo sem possuir essa intenção, a lá Adam Smith.
Os “progressistas do atraso” tentam reverter essa lógica, pregando que o indivíduo deve sacrificar seus interesses em nome do bem comum. Mas quem define o que é o bem comum? E a que custo ele deve ser alcançado? São as empresas que buscam o lucro através da criação de valor útil aquelas que geram empregos, riqueza e inovação. Aquelas que colocam a narrativa bom-mocista acima da eficiência produtiva não servem à ninguém, apenas aos parasitas que vivem da gestão da narrativa - mentirosa.
A honestidade foi completamente negligenciada. Uma empresa que declara abertamente que seu propósito é gerar lucro, oferecendo valor, merece mais respeito do que aquelas que constroem slogans vazios para mascarar sua verdadeira intenção. A honestidade é um ato de resistência contra a tirania das aparências. A mentira se transformou, barbaramente, em virtude.
A busca pelo interesse próprio é força vital que move a civilização.
Todos sabemos. Trabalhar e ganhar dinheiro são alguns dos propósitos verdadeiramente nobres da liberdade humana.