• 02/03/2021
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SORVETEIRO NO CAMBURÃO

 

Percival Puggina

             Aconteceu em São Lourenço do Sul e foi notícia no Jornal da Cidade On Line. Mais detalhes sobre a matéria, aqui.

         Neste, como em tantos outros casos não importam os detalhes. O que importa é desvendar as camadas de insensibilidade requeridas para impor um lockdown como o que foi estabelecido no Rio Grande do Sul e noutros estados da Federação.

         Camadas de insensibilidade que permitem não perceber se o estabelecimento está operando conforme as regras que eram consideradas suficientes até o dia anterior. Por exemplo: não ponderar se há fila, se os afastamentos estão mantidos, se a ventilação é adequada, se a ocupação do espaço está de acordo com os padrões sanitários, se funcionários e clientes estão mutuamente protegidos e assim por diante. É sinal de casca grossa, causa de insensibilidade, não ver que uma porta de comércio aberta é a ponta de uma cadeia de produção e que os danos de seu fechamento se expandem e multiplicam ao longo dela potencializando efeitos.

         No último sábado fui ao supermercado. Eram 17 horas e encontrei o que era previsto como consequência natural da redução de horário de funcionamento: clientes disputando espaço nos corredores, filas sem afastamento, ambiente estressado. Simples efeito da aritmética! O mesmo número de clientes com menos horas de atendimento, leva a ... (muito bem, leitor, acertou!) maior número de clientes por hora de atendimento com óbvia concentração no final do último turno.

         Quantas atividades não necessitariam ser fechadas se o prisma com que a examinam fosse invertido: o que deve ser feito para que permaneçam abertas em condições de segurança sanitária? Sem esquecer que a atividade de uma sorveteria é essencial para o sorveteiro e para os empregados com ele trabalham.

         Lockdown é solução burra para problema complexo. Enquanto não pararem de tratar da covid-19 como matéria de conteúdo político iremos  perdendo a guerra para um microscópico parasita intracelular desprovido de cérebro.