Percival Puggina
Os onze ministros do STF já votaram sobre as medidas impostas pelo iracundo colega Alexandre de Moraes ao deputado Daniel Silveira. Apenas os Nunes Marques e André Mendonça se posicionaram contra as imposições do iracundo ministro, instável mistura de Robespierre com Torquemada.
Em vista disso, cabe a pergunta do título: sim, e daí?
Passará pela cabeça de qualquer dos ministros a ideia de que esse placar, ou outro ainda mais ampliado, torna legítimo o conjunto inteiro dos absurdos cometidos nesses inquéritos? Será que o apoio dos advogados amigos da Corte e da extrema imprensa a qualquer arbitrariedade praticada contra o governo é considerado bastante para convalidar todas as tropelias que são a essência material do caso? Considerarão vazias de significado as palavras do ex-ministro Marco Aurélio Mello quando, diante do fato, se mostrou preocupado com a futura presidência de Alexandre de Moraes no TSE? Disse ele:
"Receio que possamos ter tempestades [...] Não é o desejável. A atuação do juiz trepidante deve ser afastada. Vamos adotar temperança, vamos adotar compreensão sem abrir mão da prevalência das regras jurídicas".
Imagino que a maioria do Senado apoie a silenciosa omissão do senador Rodrigo Pacheco frente a tropelias que se avolumam. Imagino que para essa maioria não seja relevante o total desprezo do ministro Alexandre de Moraes ao Poder Legislativo, ao ponto de determinar que a tornozeleira fosse imposta ao deputado mesmo dentro das dependências do Congresso!...
Estamos diante de uma situação delirante a exigir resposta institucional adequada como forma de prover às instituições razões mínimas de credibilidade, sem as quais o que se sobrepõe é a usurpação.
*Atualizado em 03/04/2022
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.