Percival Puggina
O normal teria sido o ex-presidente Rodrigo Maia, antes de sair, demitir os ocupantes de cargos de confiança que serviram durante sua gestão. Dele, porém, não se esperem gestos dessa natureza, que acentuassem sua perda de prestígio. Então, o novo presidente da Câmara dos Deputados demitiu a totalidade dos cerca de 500 ocupantes de cargos de confiança cujas nomeações e demissões passam, agora, pela sua caneta. Parte não tem vínculo funcional com o Legislativo; parte integra os quadros permanentes da Casa e perde as gratificações correspondentes.
O fato e o quantitativo são aberrantes. Quinhentos cargos de confiança na gestão da Casa mostra uma desproporção entre o custo de produção e a mercadoria entregue. Dei uma olhada no Portal de Transparência da Câmara e encontrei um total de 16,6 mil servidores. Quantas empresas brasileiras têm tantos funcionários? Quinhentos só na conta da diretoria?
Se, por um lado, impressionou-me a notícia divulgada pela imprensa, por outro, impressionou-me ainda mais o modo acrítico com que foi transmitida à sociedade, como se nada houvesse ali a ser dito em favor desta, contra tamanha prodigalidade.
Ou esse silêncio é uma proteção ao ex-quase-primeiro-ministro cortejado pela mídia militante, ou é um total descaso ao interesse nacional.
Em virtude dessas omissões, nos próximos dias todos os cargos agora vagos estarão preenchidos por novos ocupantes...