Percival Puggina
No seu editorial de hoje, em Ponto Crítico, Gilberto Simões Pires faz oito perguntas que transcrevo abaixo, para, a seguir, comentar:
1. Você contrataria os indicados para ocupar os Ministérios do novo (?) governo depois de conhecer os currículos processuais de cada um deles?
2. Você contrataria o ministro da Fazenda para cuidar das suas finanças pessoais?
3. Você contrataria o ministro da Educação para confiar a educação de seus filhos?
4. Você escolheria estas pessoas como seus guias espirituais?
5. Você apresentaria estas pessoas no seu círculo de amizades?
6. Você contrataria algum deles para ser seu advogado?
7. Você escolheria o ministro da Saúde para médico de sua família?
8. Você diria abertamente que escolheu esta opção?
Essas perguntas – e mais do que elas, as respostas que a imensa maioria das pessoas minimamente esclarecidas lhes darão – revelam o tipo de relação que tantos mantém com o Estado.
Veem-no como um ente meio etéreo, distante, onde não existe pecado e onde tudo é permitido. Aceitam que os senhores do Estado se comportem segundo regras diferentes das suas e conduzam o que consideram ser do interesse público de modo inverso daqueles que elas usam no seu reduzido círculo de relações pessoais e/ou influência.
É claro que isso não pode dar certo. No entanto, esse é o cenário cultural brasileiro, para o qual prestamos tão pouca atenção. E é dele que se valem os que usam e abusam do próprio poder.