Percival Puggina
Leio CNN Brasil
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, orientou que a secretária-geral da presidência, Aline Osório, e o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Júlio Valente, monitorem manifestações nas redes sociais que digam respeito à segurança do processo eleitoral brasileiro.
A determinação do ministro faz parte de um esforço de sua gestão à frente do TSE em combater a disseminação de notícias falsas envolvendo as eleições. O tribunal lançou uma campanha e tem desmentido no site desinformações propagadas nas redes sociais sobre o assunto.
A estratégia foi adotada em meio ao aumento dos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados ao sistema eleitoral. O presidente e parlamentares bolsonaristas colocam em dúvida a lisura do processo de votação brasileiro e alegam que o sistema atual é suscetível a fraudes. Nenhuma prova, no entanto, foi apresentada.
Comento
“Fake News!” virou interjeição no palavreado jurídico brasileiro, substituindo a argumentação que certos fatos exigem. Defender essas urnas eletrônicas de votação, verdadeiras velharias tecnológicas, superadas e rejeitadas por outros países deve ser, de fato, uma imensa dificuldade. Tão difícil é, que o TSE exige da sociedade um ato de fé religiosa.
Só falta dizerem, ao encerrarem as apurações: “Bem-aventurados os que não viram e creem.”
O descrédito social que recai sobre as duas instituições – TSE e STF – torna a situação mais complicada. No Supremo, têm assento vários ex-presidentes da corte eleitoral e, cada um a seu tempo, defendeu esse sistema de votação. Fizeram por merecer essa desconfiança. Têm, em seu favor, os grandes grupos de comunicação que, por sua vez, também caíram em descrédito perante parcela imensa da sociedade.
Há no povo quem os apoie? Há. Há quem se diga plenamente satisfeito com essas peças de antiquário? Sim. Mas também esses têm fé no TSE, no STF e nos grandes grupos de comunicação. Fazer o quê?
Penso que basta a consciência da realidade aqui descrita para revelar o quanto seria útil desengavetar o bom senso e perceber que a confiança de todos no sistema de votação e apuração dos sufrágios exige maior publicidade e transparência, para bem da legitimidade dos mandatos e para bem da democracia.