Percival Puggina
Não transcreverei a fala do ministro Lewandowski, acessível em dezenas de matérias disponíveis a quem der uma rápida googlada.
Vou me deter num elemento particular dessa fala, quando o ministro aponta para o que chama crise da democracia representativa, liberal-burguesa, a democracia dos partidos (...)”. E seguiu pregando por uma “sociedade justa, igualitária e fraterna”, afirmando a necessidade de que todos tenham “um norte, de valores e princípios, uma visão de mundo, uma ideologia”.
O ministro estava entre os seus. Companheiro entre companheiros; a elite da esquerda rural e seus apoiadores em instituições do Estado; gente do campo, mas do lado de dentro da cerca; representantes da esquerda chiquérrima dos advogados do grupo Prerrogativas (“Prerrô” para os íntimos). Com alguns já debati pessoalmente e conheço bem o estrago que essa “visão de mundo” e essa ideologia produz no nervo óptico das pessoas.
Só como frase insidiosa de discurso alguém pode associar a ideia de “sociedade justa” com a de “sociedade igualitária”, sendo elas tão antagônicas. Uma sociedade igualitária, além de não existir em parte alguma, nem em qualquer em momento da história, não pode ser justa porque os seres humanos, a exemplo de qualquer ente do mundo natural, não são iguais. Igualá-los por força de uma ordem social imposta, não é de boa justiça e aqueles que porventura têm poder para impô-la reservam para si os benefícios das desigualdades, sendo, assim, os primeiros a “desigualitarizá-la”. Isso sim, a história ensina.
Do que li, chamou-me a atenção a não ter encontrado nos registros da fala do ministro qualquer referência à Liberdade, logo a ela, filha do Direito Natural, mãe da democracia e avó dos bons Estados de Direito.