Ludmila Lins Grilo
Terroristas colocaram fogo na estátua do bandeirante Borba Gato, localizada no bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo.
A “beautiful people” lacradora e transada comemorou.
O pessoal do “ódio do bem” diz que o incêndio foi justo, porque os bandeirantes escravizavam negros e indígenas, destruíam quilombos e praticavam violências diversas.
A história retrata os bandeirantes tanto como heróis, quanto como vilões.
Entre os séculos XVI e XVII aconteceram expedições para desbravar o interior do Brasil.
As expedições governamentais eram as “Entradas”, e as dos particulares eram as “Bandeiras”. Estas atividades culminaram na descoberta de ouro, na ampliação de territórios e no incremento do comércio e desenvolvimento.
Os bandeirantes estão retratados nos livros de história, e a eles são dados créditos quanto ao crescimento do Brasil. Isso é um fato.
A questão é a seguinte: o vandalismo de hoje demonstra a franca disposição em APAGAR A MEMÓRIA NACIONAL, para que a história seja reescrita mantendo-se apenas os elementos ideológicos PERMITIDOS.
Começam substituindo as palavras. “Mas é só uma palavrinha, o que que tem, amigue?”
Depois, vão retirando pessoas “inconvenientes” das redes sociais.
Após, vão queimando estátuas.
Daqui a pouco queimarão os livros, digamos, inoportunos...
Depois, as igrejas - essas reacionárias!
Ao final do processo, queimar pessoas – os inimigos do regime – já não soará tão terrível assim.
“Ruas, pedras comemorativas, estátuas, nomes de ruas – tudo quanto pudesse lançar luz sobre o passado fora sistematicamente alterado.
- Nunca soube que foi uma igreja.” (George Orwell, 1984)
* Da página da autora no Facebook.
** Ludmila Lins Grilo é Juíza de Direito na comarca de Unaí/MG