Percival Puggina
São maus brasileiros, os signatários da carta aberta “dirigida ao mundo” no dia 6 deste mês e que já circula com versões em diferentes idiomas.
Nessa carta, usando expressões e retórica típicos de sua ideologia malsã, eles afirmam que o Brasil é uma “câmara de gás a céu aberto”. A desonestidade intelectual não prescinde do vocabulário injurioso e mistificador. Esquecem-se de que, pelas mesmas razões, decaíram da confiança popular, perderam o poder e sofrem o desprezo nacional.
O manifesto, que me recuso a transcrever aqui, se descredencia ainda mais com os nomes dos que os subscrevem, entre os quais muitas figurinhas conhecidas do mundo supostamente artístico e intelectual brasileiro. Subscreve-o, também, um rol de organizações sindicais (1).
É gesto tipo de esquerda que não se constrange de gerar malefícios ao país, contanto que isso sirva ao seu delirante projeto de retorno em 2022 e restauração da organização criminosa. A dúvida, mais do que razoável que se abre, é saber que benefício pode produzir ao futuro do Brasil quem não se envergonha de fazer mal à pátria no tempo presente.
Nunca é o povo o objeto de suas ocupações e estratégias! É sempre o poder. Essas mesmas pessoas, na política internacional, apoiam ditadores sanguinários na Venezuela, Cuba, Nicarágua e nações africanas, sem o menor zelo ou interesse na oprimida e escravizada população desses países. Farsantes e traidores da pátria, é assim, também, que agem em relação à nação brasileira e ao Brasil.
O deplorável texto mereceu reprimenda severa do Movimento Judaico Apartidário, que assim se manifestou:
“São Paulo, 07 de março de 2021
A respeito da notícia de divulgação de carta pública comparando a triste situação vivida hoje no Brasil (que contabiliza 260.000 mortos por Covid-19) com campos de extermínio nazistas (“nos tornamos uma câmara de gás a céu aberto”), o *Movimento Judaico Apartidário – MJA* vem também a público *condenar* tal inapropriada comparação.
A triste disseminação desse vírus, que já vitimizou centenas de milhares de pessoas no Brasil e mais de dois milhões e meio de pessoas ao redor do mundo, bem como as críticas às políticas sobre seu enfrentamento *não justificam em hipótese nenhuma* qualquer comparação com o Holocausto, em que mais de 6 milhões de pessoas foram mortas deliberadamente por ação de um regime totalitário e assassino, exclusivamente em razão de perseguição religiosa no que diz respeito aos judeus.
Comparar essas duas situações incomparáveis é aviltar a memória das famílias das vítimas de uma perseguição sanguinária, assassina e de cunho preponderantemente religioso.
Por tais razões, a comunidade judaica brasileira, solidária às famílias das vítimas enlutadas por Covid-19, *repudia* qualquer comparação entre a pandemia e o Holocausto.
Movimento Judaico Apartidário – MJA
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Sem o menor constrangimento, o acintoso e escandaloso manifesto segue colhendo assinaturas no pequeno universo de maus brasileiros. Aplicam eles aos fatos do tempo presente as mesmas falcatruas que cometem contra a História em suas indecorosas “narrativas”.