Percival Puggina
Digam vocês, que são meus amigos e não me deixarão sustentar uma ideia equivocada. Mas o que vou escrever aqui me vem à mente com insistência. Lula não faz e tem dito que não fará aparições públicas. Há pouco mais de uma semana, os veículos da coligação midiática que o apóia divulgaram uma afirmação em que ele admitia ter medo de ser assassinado.
Talvez dissesse isso justificando seu sumiço público, pouco compatível com a condição de pré-candidato a presidente da República. Situação curiosa, porque seu principal adversário já sofreu tentativa de assassinato, não morreu por detalhe, carrega sequelas, e vive no meio das multidões.
Para justificar os estranháveis números das pesquisas, é dito que os votos de Lula estão no meio de um povão distante da “bolha” em que vivem os eleitores do Bolsonaro. Se isso é verdadeiro, por que Lula não vai para o meio desse povo onde vejo o Bolsonaro ir sempre que pode e recebido com euforia?
É aí que entra o tal Lollapalooza e a ideia a que referi bem no início. Tenho observado, já há algumas décadas, que todos os eventos da esquerda se transformam em showmício. O fator de atração do público não é o evento em si, nem o candidato presente. É o show; são os cantores. O recado dos artistas faz parte da encomenda. É a trilha de farelo que move as pombinhas para o alçapão.
Sem música, sem artistas, sem celebridades, não funciona. Ninguém vai a um show para debater política com Anitta, ou ouvir um artista manifestar-se a favor de alguém cujas mãos são tão sujas quanto a boca de quem esbraveja no palco.
Enfim, todo esse cenário me parece incompatível com o que me dizem as pesquisas.