Percival Puggina
A ministra Cármen Lúcia, do STF e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, participou do Programa de Convidados Internacionais organizado pela Justiça Eleitoral da Argentina. Quais terão sido suas observações? Qual sua avaliação sobre o que assistiu? Parece que nenhum jornalista lhe fez essa pergunta.
O tema não interessa aos “grandes veículos” de comunicação. Jornalistas que trabalham nessas empresas sabem que a única opinião que conta alguma coisa para o aparelho institucional é a opinião que eles mesmos publicam, sempre desqualificando e desprezando quem pensa diferente. Mesma conduta, aliás, do próprio aparelho institucional neste péssimo arremedo de democracia instalado no Brasil. Por que iria essa imprensa levantar um assunto que quem manda quer morto e sepultado?
Dura realidade: no Brasil, o eleitor tem dia certo para opinar. Nesse dia, sua opinião é contada. Depois, não conta mais.
Nosso jornalismo, então, prefere ignorar que para dezenas de milhões de brasileiros, o sistema eleitoral argentino se revelou superior ao nosso. Houve liberdade aos candidatos, às campanhas e às redes sociais. A política foi tratada como tal e os eleitores como cidadãos, não como alunos da escolhinha dos professores togados.
Mesmo levando em conta que o Brasil tem quatro vezes mais eleitores do que lá, os votos argentinos foram contados com surpreendente rapidez e duas horas depois do encerramento da votação, o candidato Massa reconheceu a vitória de Milei.
A desconsiderada opinião de tantos eleitores brasileiros avalia, também, a contagem de votos impressos ou de impressoras acopladas às urnas como sistemas superiores ao adotado aqui. Penso, mesmo, que, com eleição nesse tipo, mais prudência e menos arrogância, o 8 de janeiro seria um dia de praça ensolarada e vazia.