Percival Puggina
Ontem (23/06), na Rádio Guaíba de Porto Alegre, o apresentador do “Boa tarde, Brasil!”, jornalista Júlio Ribeiro, lembrou que o primeiro político a criticar a votação por urnas eletrônicas foi Leonel Brizola e mostrou o quanto é pitoresco que a iniciativa de solicitar a inelegibilidade de Bolsonaro, por igual entendimento, tenha sido tomada pelo PDT, legenda que Brizola fundou.
Não fica só aí a incongruência. Em 2021, Carlos Lupi, que durante muitos anos foi braço direito do líder gaúcho, lembrando a posição de Brizola sobre o assunto, fez eloquente manifestação a favor das urnas com impressora. A revista Carta Capital preserva o registro do fato, em matéria que pode ser lida aqui e da qual extraio o seguinte trecho:
“Nós, do PDT, através do nosso líder Leonel Brizola, fomos os primeiros a falar isso. E temos coragem de dizer a todo o povo brasileiro: sem a impressão do voto não há possibilidade de recontagem. Sem recontagem, a fraude impera”.
Isso foi dito há apenas dois anos. Bolsonaro não foi tão longe quanto Lupi em sua rejeição a falta de impressora e à impossibilidade de recontagem de votos. Mas o Brasil está assim. Agora, ativado pela iniciativa do PDT, mais cedo ou mais tarde o TSE formalizará uma sentença previamente conhecida. Dada a missão, ela será expressa pelo relator. Será um ponto fora da curva se não tiver a letalidade que a Corte impõe a seus alvos no lado direito do leque político.