Percival Puggina
No rumoroso destaque concedido à senhora amazonense que acabou recebendo o apelido de “Dama do tráfico”, chama a atenção o que se vai conhecendo sobre suas relações em dois ministérios. Aí temos um assunto de relevo político.
Tão logo foi desenhado o perfil de dona Lu Farias, conhecido o fato de ser ela esposa de um líder da segunda maior facção criminosa do país, o Comando Vermelho, a mídia companheira tratou de protegê-la negando veracidade às acusações que surgiam. O objeto a resguardar pelo jornalismo de cooptação, contudo, era o governo da República. Afinal, ela viajara por conta do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e, nos últimos três meses, mantivera dois contatos pessoais dois diretores do Ministério da Justiça. Deve haver muito deputado que não pode contar essa experiência.
É exatamente esse o ponto que interessa à cidadania. A referida senhora, falando sobre si mesma, afirmou não ser “faccionada”. Confesso ter sido a primeira vez que vi tal palavra, que certamente faz parte do vocabulário referente à essa atividade. Mesmo na hipótese de que o Ministério Público se tenha equivocado inteiramente ao atribuir a ela um pacote de condutas graves, sua condição de esposa do criminoso “faccionado” conhecido como Tio Patinhas deveria inibir-lhe o acesso a atividades de aconselhamento junto a Conselhos do Estado. Segundo a Polícia Civil do Amazonas, a ONG que ela preside e da qual detém a representatividade é financiada pelo Comando Vermelho.
Quem está em função de governo, ou de Estado, ou de administração, precisa saber quem é a pessoa que entra em seu local de trabalho. Mais ainda, quem convida para participar de uma reunião. Mais ainda quando manda passagens. Isso precisa ser averiguado. E o Governo de Amazonas deve tratar de conhecer quem inclui nos seus conselhos...
A serviço do bom humor deve observar que algumas das imagens que vi me deram a impressão de que dona Lu Farias quis fotografar-se em má companhia...