• 13/01/2020
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AO MESTRE COM CARINHO

Marco Frenette

 

Roger Scruton não foi apenas um intelectual. Foi um espírito iluminado. Transformava palavras em armas de combate às trevas. As mesmas palavras que geram escuridão nas mãos dos progressistas que ele desnudou tão bem.

Ele expôs as pelancas do esquerdismo, as canalhices do relativismo e a força do belo no combate ao mal. Foi um homem completo, e tal plenitude veio de sua compreensão dos animais com aspecto humano. Entendeu o mal sem se animalizar durante os combates.

Manteve a elegância na crítica e a discrição diante das fraquezas demasiadamente humanas de seus adversários e inimigos. Uma pessoa de categoria que gerou um pensador categórico por conta de um raciocínio lógico, amplo e probo.

Aprendi muito com o mestre, e ainda aprendo. O aprendizado vem de releituras e do que ainda lerei, pois o rio não se repete, embora saibamos que a suposta novidade é apenas a magia da reformulação do que já foi dito mil vezes.

Scruton, o grande reformulador... e também o grande destruidor de vagabundos, mas de vagabundos refinados. Suas análises de escroques brilhantes como Sartre, Foucault e Ronald Laing revelaram a maldade e o cinismo debaixo da fraca camada de luz criada pelo talento literário desses ficcionistas.

Ele também tratou de Deus e das questões cristãs com uma delicadeza e uma profundidade impressionantes, igualando com os melhores momentos de Fulton Sheen e C. S. Lewis. Com ele, renovei minha experiência com o sagrado.

Conheci e conheço homens excepcionais, mas nenhum deles me ensinou ou me influenciou tanto como Scruton; mas chegou a hora da noite degolar o dia com sua espada azul, como bem cantou Erza Pound - e o verdadeiramente grande já se despediu dos menores.