• 21/11/2019
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A CHINA E O "SOCIALISMO LIGHT"

Claudia Roberta Sies Kubala


Dois anos após a morte do ditador Mao Tsé-Tung, o então Líder Supremo da República Popular da China, Deng Xiaoping, implementou um programa para a liberação da economia, cujo slogan era "socialismo com características chinesas", fazendo com que o país passasse a caminhar a passos largos para o posto de uma das maiores potências do mundo.


Este é o principal fator que faz com que alguns a vejam como uma nação enamorada pelo capitalismo, ou se convençam que seu regime se aproxime de algo como um "socialismo light". Do ponto de vista econômico, encontramos fatores como seu PIB elevado, altos índices de produção e exportação, setor bancário detentor de grande riqueza, empresas líderes em tecnologia, entre outros tantos elementos, que poderiam sugerir uma mudança de regime. Porém, do ponto de vista político, não resta dúvida de que as práticas marxistas continuam fazendo parte do dia a dia da população chinesa.


Um bom exemplo é a implementação da tecnologia de reconhecimento facial e impressão digital nas igrejas e templos. De acordo com artigo publicado no dia 11 de novembro de 2019 pela Bitter Winter, organização que expõe fatos referentes à liberdade religiosa e direitos humanos na China, a vigilância de alta tecnologia acabou se tornando uma ferramenta essencial para o Partido Comunista Chinês regular e suprimir aqueles que manifestam sua fé. Além de ter suas identidades verificadas ao participar do culto, os fiéis são monitorados por câmeras em todos os espaços, inclusive nos banheiros. Esta é a proposta do Sharp Eyes Project, cuja finalidade é alcançar um monitoramento sem pontos cegos em todas as regiões do país até o final do próximo ano.


Mas este monitoramento não se restringe apenas aos religiosos. O Governo Chinês segue na execução de seu novo Sistema de Crédito Social, programado para estar em pleno funcionamento até 2020, sistema este, que servirá como uma espécie de ranking onde o cidadão é monitorado e pontuado de acordo com seu comportamento. Pequenas infrações como fumar em local proibido ou atravessar fora da faixa, são alguns dos itens que fazem parte da lista de pontuações negativas. O acúmulo destes pontos acarreta penalidades diversas, como bloqueios nas linhas de crédito ou o impedimento da matrícula de filhos em escolas de melhor nível. Um sistema que finda com aquilo que nos é mais precioso: as liberdades individuais.


No texto "O Comunismo Real", publicado no Diário do Comércio em 13 de abril de 2014, Olavo de Carvalho assinala a definição real do comunismo como "o controle efetivo e total da sociedade civil e política, sob o pretexto de um "modo de produção" cujo advento continuará e terá de continuar sendo adiado pelos séculos dos séculos."


Essa definição serve como um alerta, pois o regime comunista pode ter passado por algumas transmutações e oferecer novas faces, mas jamais perderá a sua finalidade.