• 17/09/2019
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A CPI DA LAVA JATO E O SENSO MORAL

Percival Puggina

 

 Dentro de alguns anos, quando nos referirmos a estes dias em nosso país, talvez esteja completamente esquecido o fato de que um pedido de CPI para investigar a operação Lava Jato obteve 175 assinaturas entre os deputados federais. No entanto, a lembrança desse fato não pode esvanecer. Não pode esvanecer agora, não pode esvanecer na eleição do ano que vem e não podem sair da memória dos brasileiros os nomes dos signatários e de seus partidos.

 Entendem-se as reações à Lava Jato. Graças a essa operação, muita gente teve enormes prejuízos devolvendo dinheiro roubado. Muitos ainda acordam suados na madrugada temendo que lhes batam à porta. Muitos estão na cadeia, muitos perderam o poder e o respeito que tinham e muitos levam uma vida de insetos rasteiros, escondidos nos cantos sombrios. Vivem na vergonha da vergonha que lhes faltou. Mas esses 175... Ah! Esses 175 são um caso aparte. São o rosto político da solidariedade à corrupção, posando para um selfie. Não se constrangem em agir contra uma operação que, para o bem do Brasil, desmontou peça por peça o mecanismo da roubalheira. Ao subscreverem a CPI, desdenham da opinião pública. Assumem a defesa parlamentar da sociedade dos celerados. Abaixo o juiz! Viva o crime! A gandaia precisa voltar! É nois na fita!

Na teoria marxista da história, a permissividade moral abriga tudo que sirva à emancipação da classe operária. Na versão patropi, estendida, com vocabulário acadêmico, essa permissividade agasalha tudo que sirva à “causa”. Seja qual for, é ela que justifica a conduta da maior parte dos signatários da tal CPI, conforme lista divulgada aqui.