• 13/07/2019
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COM AS UNHAS À MOSTRA


Percival Puggina

 

 Na votação do segundo turno da reforma da Previdência, petistas & associates (como convém em tempos de Greenwald) comemoraram o êxito da estratégia de prolongar a sessão discursando sobre seu virtuoso amor aos pobres, lero-lero que só convence a CNBB. Noite adentro, sucederam-se na tribuna, cobrando do governo a mesma irresponsabilidade fiscal que praticaram enquanto negociavam com os ricos e levavam o país ao buraco de onde, agora, tentam impedi-lo de sair. Com o passar das horas, o plenário começou a esvaziar e o quórum foi sendo reduzido até que a suposta maioria se declarou insegura para dar sequência aos trabalhos.

Nada como uma votação importante para que as unhas sejam exibidas.
1º) Unhas da esquerda, cujo único projeto é um projeto de poder que passa longe do bem do país, pois o bem do país é bom para o governo. Nada é mais previsível, portanto, que uma decisão do PT e seus associates.
2º) Unhas do insaciável Centrão, capaz de dobrar até mesmo um sujeito teimoso como Bolsonaro, que acabou fechando os olhos para a liberação das emendas parlamentares (procure por centrão insaciável no Google e vai sair bem informado por mais de três mil referências...).
3º) Unhas do jornalismo militante. Durante semanas a fio atacou tanto as mobilizações populares pela reforma quanto a resistência do governo em “negociar”. As duas condutas, dizia, atentavam contra normalidade institucional. Eram intromissão tola do povo e incompetência do governo. O Centrão, ele sim, representava a indispensável referência da institucionalidade e dos excelsos poderes do parlamento. O mesmo jornalismo militante, agora, ironiza o governo pelo fim da “nova política”.

 Enquanto isso, o Centrão, o honorável Centrão, viu no adiamento para o próximo semestre um guichê aberto a novas e proveitosas negociações. Em outras palavras: por motivos diferentes, oposição e Centrão tinham ontem, 12 de julho, um interesse comum: atrasar três semanas a votação do segundo turno da reforma da Previdência. O Brasil que espere.