• 22/06/2019
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A TRAGÉDIA DA UTOPIA (2ª edição)

Percival Puggina


 Dediquei a este livro oito anos de trabalho, descontinuado é verdade, mas persistente. Eu sabia que ele precisava ser republicado, ampliado e atualizado. Fui sendo motivado ao longo do tempo pelo que vi acontecer em nosso país nos anos que se seguiram à primeira edição (2004). O PT chegara ao poder no ano anterior e o Brasil enviesara. O Foro de São Paulo e a política externa brasileira se confundiam e confluíam na mesma direção. O regime cubano e seus líderes se tornaram objeto de reverências oficiais. Nossos dirigentes políticos soluçavam emocionados em visitas a Fidel Castro.

 

Aquela frequente visitação não expressava uma empatia com o povo cubano. Nada disso! A camaradagem se firmava com os “companheiros” no poder, situação análoga à que ocorria em relação a outros governantes do mesmo alinhamento. Dinheiro do povo brasileiro era drenado para financiá-los e custear suas ditaduras. O ideário que os conduzia entrava nas nossas salas de aula, nas “narrativas” que faziam parte da “luta política”. O que significava, apenas, meias verdades ou mentiras inteiras.

 

Aos 60 anos da revolução cubana, A tragédia da Utopia trata da história de um povo que muito esporadicamente foi senhor de seu destino. Povo sofrido, ludibriado, domado pela polícia do regime desde um tempo em que o Rio de Janeiro ainda era capital do Brasil e os Beatles não cantavam juntos.

 

Esta edição, com primoroso trabalho da Editora Armada, atualiza e amplia a anterior para os 14 anos que a sucederam, preservando o que lhe era essencial, inclusive as desventuras e aflições decorrentes do contato – imprudente, mas valioso – que mantive com importantes dissidentes em uma das viagens que fiz. Ouvi deles suas histórias, suas desgraças e, por haver estado com eles, vivi pessoalmente a experiência de me saber sob observação do regime totalitário, numa ilha de onde só se sai pelo mar ou pelo aeroporto.

 

Fica aqui meu convite para a sessão de autógrafos em Porto Alegre enfatizando que nossos jovens teriam muito a aproveitar lendo A tragédia da Utopia. Gostaria muito de vê-los lá.