A VELHA POLÍTICA ESTERTORA
Percival Puggina
Assisti à sessão preparatória da nova legislatura no Senado Federal. Contra a tropa de choque da velha política, contra seu almoxarifado de favores, vi a ação obstinada de um senador jovem que imediatamente conquistou minha admiração. Bastava observar quem se opunha a Alcolume.
Tal informação é relevante! Um justo discernimento político impõe conhecer quem apoia quem. Por Renan estava a Folha de São Paulo. Por Renan estavam os analistas da Globo, que ora exaltavam seus ardis no exercício presidência, ora sustentavam que seria, se contrariado, um inimigo muito nocivo ao governo. Renan pelo sim e Renan pelo não... Por Renan estavam os petistas e os implicados na Lava Jato. Por Renan falava e agia a histeria de Katia Abreu. Por Renan se manifestou incontinente o presidente Dias Toffoli, do STF. Sim, claro. Esperar o quê?
Se para nada mais serviu aquele tumulto, ao menos exibiu os despudores e os estertores de um tipo de política e de políticos que têm vergonha de si mesmos. São capazes de escolher o pior dentre todos, investigado em dúzia e meia de processos, de aplaudir a conduta de delirante senadora de Tocantins e precisam – precisam muito, envergonhados que estão das premências de seus prontuários – da cobertura que lhes pode proporcionar um parceiro como Renan Calheiros. Mas precisam elegê-lo sob a máscara do anonimato, para que ninguém conheça o que fizeram.
Antevendo tais estertores, escrevi outro dia, não sem contestação, que os principais responsáveis por uma provável eleição de Renan Calheiros não eram os adeptos do voto secreto, cientes da própria sordidez, mas a candidatura em si mesma, com apoio aberto, explícito e escandaloso do MDB e de sua bancada no Senado. Agindo no coração da velha política, o partido constrange seus poucos bons quadros remanescentes. Não fosse a persistência do senador Alcolume, não teríamos ficado conhecendo posições e protagonistas de um importante jogo de poder no Brasil que renasce.