• 01/09/2018
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FACHIN E A ONU
 

Percival Puggina


 Pensei que fossem apenas os petistas construtores de narrativas e os jornalistas amigos da causa que se deixassem sensibilizar pelo papelucho em que um comitê independente da ONU recomendou fossem garantidos a Lula os direitos políticos para disputar a presidência.


Certamente essa era, também, a impressão dos advogados do PT no julgamento da impugnação apresentada ao registro de sua candidatura. Não se trata de algo racional. A manifestação do tal comitê foi uma artimanha política, concebida para ser divulgada no Brasil como demonstração de que “até a ONU” se opunha a uma suposta violação dos direitos de sua excelência, o privilegiado presidiário da carceragem de Curitiba.


Seria necessário regredir o discernimento e o bom senso ao nível mais raso para imaginar que o tal papelucho pudesse interferir no mais alto nível do Poder Judiciário brasileiro, fazer recuar a aplicação da justiça em nosso país, interferir no processo eleitoral em curso e retirar um preso da cadeia, quando o mesmo papelucho afirma que “nenhuma decisão foi tomada pelo comitê sobre a substância do tema considerado”.


No entanto, o ministro Edson Fachin, indiscutivelmente o mesmo Fachin que votou pela manutenção da prisão de Lula, levou o papelucho a sério e votou pelo registro da candidatura do ex-presidente. Enquanto os advogados do PTcumpriam missão profissional, Fachin, como magistrado, se comprometeu com a tese. O único, naquela sala, a fazê-lo.