• 02/05/2018
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O PRÉDIO DA PF, A INVASÃO, O INCÊNDIO, TEMER, AS VAIAS E AS CULPAS

Percival Puggina

 São impressionantes as cenas do incêndio, seguido de desabamento do prédio da PF invadido em São Paulo. Em questão de segundos, tudo no chão. E um número indeterminado de vítimas porque o caráter irregular da invasão torna informal os acessos e a presença no imóvel. Fala-se em quatro dezenas de possíveis vítimas fatais.

 O que aconteceu em tão grandes proporções num centro urbano, já ocorreu em invasões horizontais e já poderia ter havido em muitos outros imóveis, Brasil afora. E se repetirá, caso providências não sejam adotadas. Os primeiros invasores chegam acompanhados de políticos, falam em “ocupação”, em “função social” e em “direitos humanos”. Imediatamente forma-se um círculo de proteção com apoio de setores da mídia, motivando a opinião pública a rejeitar as reintegrações de posse e as desocupações com intervenção da autoridade policial. E lá estão os políticos dos partidos de esquerda, discursando sobre a desumanidade do ato.

 O prédio que caiu era prédio público, portanto, nas palavras do próprio presidente Temer quando visitou o local, havia, ali, uma “situação complicada”. Entendo o presidente, no vocabulário nacional, se é “público” não é de ninguém e, sendo de ninguém, quem assumiria a bronca de providenciar a retirada dos invasores?

Resultado: o raio político caiu na cabeça do presidente, duas vezes. Primeiro por haver consentido com aquela situação que todos, agora, reconhecem irregular... Segundo porque, estando, coincidentemente, em São Paulo, sentiu-se na obrigação de comparecer ao local do sinistro, onde foi muito mal recebido, como era de se esperar. Os políticos influentes no local se encarregaram de ensinar aquele pobre povo a rejeitar o presidente mesmo quando ele anuncia que o governo prestará assistência às vítimas.

Não há registro de presença no local dos conhecidos líderes de invasões. Nem dos dirigentes partidários que as estimulam. Menos ainda dos corretores desses enclaves, que se beneficiam financeiramente das locações que ali ocorrem.

Não preciso mencionar as muitas causas individuais e sociais da situação dos invasores. Não preciso falar das oportunidades que não tiveram, das escolhas que não puderam fazer nem das que objetivamente fizeram. Os invasores e as vítimas fatais são os politraumatizados da opressão. Opressão dos maus políticos que jogaram o país na corrupção e dos que politizam suas desgraças; e dos que deles se valem para formar os “exércitos” urbanos e rurais de seus devaneios revolucionários.

Só não me venham dizer que os responsáveis por essa situação estão no setor produtivo da economia nacional.