• 15/03/2018
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REUNIÃO COM CÁRMEN LÚCIA IRRITOU SEPÚLVEDA PERTENCE
 

Percival Puggina

 

Durou cerca de uma hora a audiência do advogado Sepúlveda Pertence com a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF. O objeto da conversa era o habeas corpus solicitado pelo ex-presidente Lula, que se vira como pode para evitar sua prisão.


Cercado pela imprensa, ao sair da reunião, o ex-presidente do STF, hoje advogando para o mais popular dos condenados da Lava Jato, negou-se a atender os repórteres. Indagado se a ministra presidente teria manifestado previsão sobre quando seria pautado o HC, Sepúlveda, com cara de poucos amigos respondeu secamente: “Não”.


O advogado bateu na porta errada. Sua melhor sala de espera, neste momento, é a do ministro Celso de Mello. Malgrado a pose de comensal do Olimpo, Sua Excelência não se peja de desempenhar papéis como o que lhe vem sendo solicitado, e desencadear o casuísmo que pode beneficiar Lula. Uma solicitação do decano para que o tema da prisão após condenação em segunda instância volte à deliberação do Pleno teria que ser atendida pelos pares. Eu disse papéis? Deveria ter dito papelão, como papelão foi sua inacreditável inovação no julgamento do mensalão. No final daquele processo, Celso de Mello criou a possibilidade dos embargos infringentes contra acórdão condenatório da própria corte, para permitir, graças a uma bem urdida alteração na composição da Corte com a aposentadoria de Joaquim Barbosa, que fossem suprimidas as condenações por crime de formação de quadrilha. A manobra do ministro com poses de comensal do Olimpo constrangeu o STF a pagar o mico de introduzir em seus anais uma sentença pela qual não houve formação de quadrilha no caso do mensalão. E as penas dos réus políticos tornaram-se breves e leves como certos nevoeiros outonais.


Não nos surpreendamos com o que venha a acontecer na semana que vem.