• 23/02/2018
  • Compartilhe:

 

TOFFOLI E A PERPLEXIDADE PERANTE O ÓBVIO
 

Percival Puggina

 

Ao participar de um evento na Escola de Direito de São Paulo, da FGV, o ministro Dias Toffoli manifestou sua perplexidade ante a inexistência de qualquer projeto nacional nos debates que se travam no teatro da política brasileira. O ministro não vê projetos quando olha para a direita, nem quando olha para a esquerda. “Tem pessoas. Infelizmente continuamos tendo (só) pessoas”. Fico com pena da moçada da Escola de Direito de São Paulo. Trazerem o ministro só para conhecerem sua perplexidade diante de uma obviedade dessas deve ter sido frustrante.


O ministro, talvez por haver advogado para o PT em várias campanhas, acabou não prestando muita atenção ao modo como elas acontecem. Então vamos lá. As campanhas são pessoais, sim, ministro; o presidencialismo exige isso porque o eleitor não vota em algo, mas em alguém. Algumas propostas aparecem, em concepção marqueteira, para pano de fundo do candidato, e são formuladas como se todo o dinheiro do mundo estivesse à disposição do vitorioso.


O objetivo número um de qualquer campanha presidencial é apresentar bem o candidato. E o número dois é trucidar o adversário. Tudo bem pessoal, como se vê; quanto mais melhor. Os votos são concedidos na proporção direta do dinheiro de cada um e das respectivas capacidades de mentir de modo convincente.


Programas de governo são pauta em eleições no sistema parlamentarista, cujas campanhas eleitorais em torno deles se desenrolam.


Próxima lição, só pagando, ministro.