FIQUEM DE OLHO NELA
Percival Puggina
O Brasil é o primeiro país do mundo a ter uma escrava em função ministerial. Sua degradante condição pessoal, aliás, é o mais rumoroso caso que, por assim dizer, lhe cai nas mãos. É como se saísse de uma para a outra - da mão que pede à que denuncia. E a denúncia saiu robusta como convém, em uma petição de 207 páginas, tornando-se ruidosa como se impunha, nas muitas entrevistas que a ergueram ao pódio das celebridades.
A desembargadora aposentada tem sua remuneração contida pelo teto de R$ 33.763,10 o que lhe permite receber apenas R$ 3.292,00 mensais no desempenho das funções de governo. Diante da comoção causada pela escravidão, nossa Isaura em versão sênior, sob assédio da mídia, topou o desafio de explicar as agruras da condição que lhe foi imposta. E foi um desastre: "Como vou comer, beber, calçar?". Seu mais fulgente direito humano incluiria receber da sociedade R$ 61 mil por mês.
Fiquem de olho nela. A ministra é de uma honestidade rara. Tem nada a esconder, nem mesmo a inabilidade, um defeito que a amarrou no tronco de um ministério sem saber como vai atender suas mais básicas necessidades materiais. Pessoas assim, não deveriam receber autorização para o porte de caneta.