• 23/10/2017
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O "PRESIDENCIÁVEL" LUCIANO KULK
 

Percival Puggina

 

 Menções a uma provável candidatura de Luciano Hulk a presidente da República têm sido recorrentes nas redes sociais. O apresentador de programa de auditório contabiliza em seu favor milhões de seguidores, a força da rede Globo, uma faixa etária em sintonia com o mais largo espectro da população brasileira, a ampla penetração nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e, claro, uma boa capacidade de domínio dos meios de comunicação. Diz-se que é boa pessoa.

 Em 30 de março deste ano, entrevistado por Eliane Trindade para a Folha de São Paulo, que lhe perguntou sobre qual sua missão, Hulk respondeu:

O poder que conquistei através do microfone é resultado de muito trabalho. Tenho 40 milhões de seguidores nas redes sociais e 18 milhões de pessoas todo sábado assistindo ao programa. Espero dar muito trabalho para o meu biógrafo. No final da história, ficarei contente se puder ter melhorado o mundo à minha volta. Não gosto da ideia de viver de forma passiva. Somos curadores em tempo integral do futuro que queremos, precisamos imaginá-lo e criá-lo.

Indagado sobre se poderia concorrer à presidência, entre negativas e evasivas, disse:

Não dá para responder na atual conjuntura. Falando seriamente, nossa geração chegou a um momento em que tem capacidade, saúde, força de trabalho, relevância, influência. Quem entrou na faculdade em 1990 está chegando agora aos espaços de poder. Faço parte desta geração. Estamos vivendo um trauma moral e ético que se soubermos capitalizar para o bem, tenho convicção de que daqui a 10, 20, 30 anos vamos ter um país de fato diferente e mais justo.

 Como se vê, são respostas semelhantes às que João Dória dava em maio sobre o mesmo tema. Em outras palavras, como Dória, sim, ele vinha e vem pensando nisso e eu quero apontar no fato mais uma impropriedade do presidencialismo com seus parcos critérios quando se trata de "recrutar" postulantes ao mais alto cargo da República. Tudo é possível, até mesmo o pior possível. É de altíssimo risco eleger alguém para o principal posto da política nacional pelo dominante critério da popularidade, atribuindo-lhe  funções de chefia do Estado, do governo e da administração federal.

Não é um bom sinal alguém aventurar-se na vida pública, como calouro, aspirando a presidência. Experiência não é sinônimo de coisa alguma. Inexperiência, sim, e não é bom. Luciano Hulk celebrizou-se distribuindo, com recursos alheios, em eventos altamente emotivos, generosos presentes a famílias e pessoas carentes. E isso, convenhamos, é magnífico para os beneficiados, mas revela uma inclinação perigosíssima em quem pretenda gerir o orçamento federal.