Eleições venezuelanas, urnas eletrônicas e fraude denunciada pela própria Smartmatic
QUEM CONFIA BOBO É
Percival Puggina
Com a rapidez e destreza de um batedor de carteiras, o regime venezuelano fez a eleição da sua "constituinte", contou os votos, inflou as urnas, proclamou os resultados, botou para correr a Assembleia Nacional de maioria oposicionista, e deu posse, já nesta sexta-feira aos novos representantes do povo venezuelano.
No último dia 2, coube à própria Smartmatic, empresa que realiza o processo eleitoral venezuelano, quem denunciou a fraude, acusando haver no mínimo um milhão de votos a mais na contagem proclamada pelo governo.
Segundo o CEO da Smartmatic, Antonio Mugica, os resultados registrados pelos sistemas da companhia e os relatados pelo Conselho Eleitoral Nacional (CNE) da Venezuela indicam "sem qualquer dúvida" que os números de participação oficial na eleição foram inflados.
"Nós estimamos que a diferença entre a participação de fato e a anunciada por autoridades seja de ao menos 1 milhão de votos", disse Mugica em Londres. (Leia toda a matéria aqui).
Tudo sob aplausos, porém, dos seus parceiros brasileiros (PT, PCdoB e PSOL).
Na última quarta-feira, sucederam-se na tribuna da Assembleia Legislativa do RS, os deputados Marcel Van Hattem, Sérgio Turra e Tiago Simon criticando a escalada da ditadura e da violência na Venezuela. De nada valeram os sucessivos desafios lançados aos deputados dos partidos de esquerda para que se posicionassem a respeito da situação vivida pelo povo daquele país vizinho e justificassem as manifestações de apoio que expediram ao fraudulento processo imposto pelo ditador Maduro.
Ouvidos moucos e olhar de paisagem.
Lição para o Brasil e para o TSE
Que o exemplo da Venezuela faça o TSE compreender que vem presidindo sucessivos pleitos nos quais fica crescentemente comprometida a confiabilidade do processo eleitoral. Um pleito em cujo resultado apenas os ministros do TSE confiam é um péssimo pleito.