POR QUE BARACK OBAMA RESOLVEU SAIR ATIRANDO?
Leo Gurovitz - Estadão
Derrotado, o presidente americano, Barack Obama, sai da presidência disparando para todo lado, como caubói sangrando no chão do saloon. Primeiro, os Estados Unidos se abstiveram na votação da ONU que condenou colônias israelenses na Cisjordânia – enfurecendo os aliados devotos que Israel conquistou no governo Donald Trump. Depois, Obama expulsou do país 35 russos, acusados de invadir computadores na campanha eleitoral e manipular o noticiário em favor de Trump – abrindo a maior crise diplomática com a Rússia desde a invasão da Ucrânia. Que quer com tudo isso?
A intenção óbvia é deixar problemas na mesa do sucessor. Quanto mais confusão criar para Trump, mais fácil criticá-lo depois. Há ainda um objetivo menos evidente: obscurecer o legado desastroso de sua gestão para o Partido Democrata. Hillary Clinton não foi a única derrotada em novembro. Uma análise da National Review mostra que, em oito anos de Obama, os democratas perderam 16% das cadeiras do Senado (55 a 46), 24% dos assentos na Câmara (256 a 194), o controle das duas Casas, 43% dos governos estaduais (28 a 16), 44% das assembleias e 54% dos senados estaduais.
Ao todo, o saldo negativo é de 959 representantes nos Estados, superando os fracassos históricos das gestões Eisenhower (843) e Nixon/Ford (800). Em 2009, o Partido Democrata controlava o governo e ambas as Casas legislativas em 17 Estados; em 2017, serão 6. Quanto tempo levará para o partido se recuperar do legado de Obama?
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