A TRIMESTRALIDADE DA VIDA SEGUNDO ROBERTO BARROSO
Percival Puggina
Como relator de um processo envolvendo aborto que chegou ao STF, o ministro Roberto Barroso convenceu seus pares - Edson Fachin e Rosa Weber - que o aborto durante o primeiro trimestre de gravidez não é "aquele aborto" que a legislação brasileira diz ser crime. Ficou claro?
Pois é, os três ministros acham que sim e decidiram decidir que nos três primeiros meses a vida humana não é vida humana, é uma outra coisa passível de erradicação. Por quê? Porque não poderia viver fora do útero e porque o córtex cerebral ainda não formado, tornaria o feto incapaz de "raciocínios e sentimentos". E se não for vida humana, essa vida é o quê?
Valorizados para justificar o aborto no primeiro trimestre, esses mesmos "raciocínios e sentimentos" são tão prescindíveis no ponto de vista da agenda abortista que muitos países permitem o aborto em qualquer fase, sem direito, sequer, a um sedativo para eliminar o sofrimento físico, os raciocínios e os sentimentos das pequenas e inocentes vítimas.
A justificativa do ministro é tão conversa fiada que, nesse mesmo voto, ele faz condenação genérica à criminalização do aborto e defesa ainda mais enérgica dos tais "direitos reprodutivos". O ministro é o próprio lobo em diálogo com o cordeiro. Ele quer tornar o cordeiro descartável e para tanto vale qualquer argumento.
Decidida a questão, o poderoso e sapientíssimo trio encerrou a sessão e todos foram para casa dormir tranquilos.