• 09/10/2016
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G1 E A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA MUNICIPAL


Percival Puggina

 

 Neste domingo 9 de outubro, com dados do TSE, o G1 publica matéria focada em informações contidas no gráfico acima. Como costuma acontecer com a leitura jornalística de gráficos, o texto realiza a incrível proeza de transformar em palavras o que até analfabetos leem na imagem.


Em resumo, a jornalista conclui que a população branca é a única cuja representação parlamentar nas câmaras municipais excede a própria participação no conjunto da população. Uma segunda imagem informa que dos candidatos em cada etnia elegeram-se 15,2% dos amarelos, 14,2% dos brancos, 11,7% dos pardos, 10,4% dos indígenas e 7% dos negros. Jornalismo investigativo é isso aí, pessoal.


Num surto de paciência mergulhei fundo nesses números e não consegui descobrir o que têm a ver com seja lá o que for, exceto com alguma tolice aboletada na cabeça da redatora, envolvendo o suposto binômio "cor da pele e democracia". No entanto, parlamentares são representantes de correntes de opinião, de ideias políticas, de valores e princípios. E, no viés oposto, não devem ser representantes de etnias, igrejas, interesses sexuais, atividades econômicas, etc.. Há um bom e transparente motivo para que tais representações sejam de fato evitadas (e em hipótese alguma estimuladas, pessoal do G1). Se a representação política for estabelecida sobre tais bases, teremos como produtos o fim da política, a falência do bem comum e a instalação dos conflitos entre essas tacanhas delegações.


Em todo caso vai aí minha sugestão. Proponho um retorno mais profundo à matéria, verificando a representatividade parlamentar dos idosos e dos adolescentes, dos diferentes níveis de formação escolar, dos extratos de renda, dos habitantes do meio rural e urbano, do setor público e do privado, do carecas e dos cabeludos.