• 31/07/2015
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ARMADILHA DE DILMA PARA OS GOVERNADORES
Percival Puggina

 Ao ver a foto acima estampada nos jornais de hoje (31/07), fiquei com a impressão de que o convite da presidente aos governadores para aquele encontro era uma trampa armada pela presidente, em acordo com os marqueteiros do Planalto. A foto era o fato. A foto era o único objetivo prático da reunião.

 Convenhamos, convidar todos os governadores a Palácio para dizer que vivemos um momento de controle rigoroso do gasto público é, por si mesmo, um gasto público desnecessário. Não se faz reunião para dizer e para ouvir obviedades. No fundo, o que o governo queria era o que Josias de Souza apontou em seu blog, conforme transcrevo abaixo. A matéria mostra que, sobre o encontro, o governo forneceu uma informação desonesta, recolheu as palavras que lhe interessavam e desconheceu todas as que não convinham. Leiam o relato de Josias de Souza:

Às 23h23 da noite passada, a Presidência da República divulgou em seu blog uma ótima notícia para a inquilina do Palácio do Planalto:

Os governadores das cinco regiões do país, que estiveram reunidos com a presidenta Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (30), em Brasília, fizeram uma defesa clara da democracia, do Estado de Direito e da manutenção do mandato legítimo da presidenta Dilma e dos eleitos em 2014. Na ocasião, os representantes dos 27 Estados brasileiros deixaram clara sua posição de unidade em favor da estabilidade política do país.”

Quem lê o texto fica com a impressão de que Dilma arrancara dos governadores que se reuniram com ela no Palácio da Alvorada, inclusive os de oposição, uma manifestação unânime contra o impeachment. O único problema é que essa notícia é falsa. A posição dos governadores sobre a higidez do mandato de Dilma não é unânime. E o tema não foi debatido no encontro dos executivos estaduais com a presidente.

A falsa notícia veiculada no blog do Planalto realça uma declaração feita pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em entrevista coletiva concedida após a reunião.

“Existe uma preocupação conjunta, em primeiro lugar, com a agenda política”, disse Dino. “Primeiro, a defesa clara e inequívoca da estabilidade institucional, da ordem democrática, do Estado de Direito e contra qualquer tipo de interrupção das regras constitucionais vigentes. Portanto, defendemos a manutenção do mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff.”
Dino tinha ao seu lado, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e outros quatro governdores: o paraibano Ricardo Coutinho (PSB), o goiano Marconi Perillo (PSDB), o catarinense Raimundo Colombo (PSD) e o paulista Geraldo Alckmin (PSDB). Incomodado, Alckmin desdisse Dino. Negou a suposta “preocupação conjunta” dos governadores com a permanência de Dilma na poltrona. O problema é que a negativa foi omitida no texto do Planalto.

Eis o que o governador tucano de São Paulo declarou e o blog do Planalto não registrou: “Isso não foi tema da reunião nem está em discussão. Não há nenhuma discussão em relação a isso [o mandato da presidente]. Nós defendemos o quê? Investigação, investigação, investigação e cumprir a Constituição. Nosso dever é cumprir a Constituição.”

É por essas e por outras que apenas 7,7% dos eleitores ainda confiam nessa senhora.