MILITÂNCIA EM SALA DE AULA. LADRÕES DO TEMPO ALHEIO.
Percival Puggina
Escreve-me um jovem leitor contando um caso recente. Estava em aula quando duas pessoas pediram licença ao professor para dirigir um convite à turma. Autorizados, anunciaram que ocorrerá em Passo Fundo a Conferência Estadual do EPL (Estudantes pela Liberdade) e discorreram sobre o evento. Enquanto falavam, o professor ironizava o EPL e, grosseiramente, debochava dos visitantes, causando risos a alguns alunos e constrangimento a outros.
É um caso típico de desonestidade intelectual, forma de corrupção moral, geneticamente associada a todas as demais. É natural que professores tenham posições próprias sobre questões sociais, políticas e econômicas. O que não podem é transformar sua sala de aula em local de militância e a cátedra em torno e formão para moldar os alunos à sua imagem e semelhança. Isso não é grosseria. Isso é imoral.
Há alguns anos, googlando por aí, deparei-me com o convite que um mestrando ou doutorando na área de Matemática dirigiu à comunidade acadêmica para a explanação que faria sobre a "necessidade de uma atuação dos formadores no sentido de conscientizar os futuros professores de matemática de sua tarefa como intelectuais orgânicos a serviço da construção da hegemonia dos excluídos, dos explorados em geral”. Baboseira gramscista, em péssimo português. Para professores de Matemática.
Ou os alunos se preparam para enfrentar esse tipo de militante, ladrão do tempo alheio, travestido de professor, mandando-o calar a boca e dar aula, pois para isso é pago, ou serão vítimas do veneno que ele serve.