Para quem leva sério as teses de Veias Abertas da América Latina, Cuba vive, há 55 anos, um modelo mais do que perfeito. Todo o patrimônio das empresas estrangeiras que operavam na Ilha até 1959 caiu, de um dia para outro, nas mãos do Estado cubano, cessando, também, a remessa de lucros. Dois anos mais tarde, Fidel estabeleceu com a URSS uma aliança altamente vantajosa: os soviéticos passaram a lhe prestar ajuda técnica, militar e científica e se responsabilizaram pelo seu superávit comercial, comprando açúcar e níquel cubanos segundo preços superiores aos do mercado e vendendo-lhes os seus produtos a preços inferiores aos do mercado. Um negócio da China, pelo qual o regime não só fechou suas veias como cravou a seringa na artéria dos russos.
Pois eis que para absoluto espanto, malgrado a fantástica expropriação que procedeu, malgrado as veias fechadas, malgrado quase três décadas favoráveis no balanço hematológico com a URSS, malgrado 55 anos de um padrão de consumo que faria padecer um monge franciscano, Cuba é hoje um país tão pobre quanto você imagina que possa ser uma terra onde a imensa maioria da população está obrigada a enquadrar suas necessidades numa renda mensal inferior a 12 dólares e onde as atividades mais estimuladas batem no teto de 30 dólares. Um exército de policiais e informantes vigiam a vida privada e o procedimento, nas ruas, dessa multidão de carentes.