• Percival Puggina
  • 31/08/2016
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VERSÕES PETISTAS - GENÉRICOS DA VERDADE INCÔMODA

VERSÕES PETISTAS - GENÉRICOS DA VERDADE INCÔMODA
Percival Puggina

 A nação, aos poucos, foi identificando a distância que se estabeleceu entre o discurso que levou o PT ao poder e a posterior prática na gestão dos negócios públicos. Alguns, entre os quais me incluo, predisseram, bem antes, os riscos aos quais se expunha uma sociedade que confiasse poderes de governo e de Estado a uma organização que fazia uso das práticas que caracterizavam a ação petista. Refiro-me, especificamente, aos seguintes meios:

a) organização e manipulação de movimentos sociais para atos que atentavam à ordem pública, à lei, ao direito de propriedade e às determinações judiciais;
b) desrespeito pela honra alheia e o assassinato das reputações de quaisquer adversários que se colocassem no caminho traçado pelo partido;
c) articulação partidária internacional com governos totalitários, com organizações terroristas e com movimentos revolucionários de esquerda, dos quais o Foro de São Paulo é apenas um exemplo regional em meio a inúmeros outros mundo afora;
d) transformação de instituições do Estado, de setores importantes da administração pública, bem como de conselhos profissionais, órgãos de cultura, instituições de ensino e organismos religiosos como a CNBB, em aparelhos do partido.

Os milhões de brasileiros que saíram às ruas, bem como os autores das cinco dezenas de requerimentos de impeachment formulados por juristas munidos de exaustiva coletânea de fundamentos, respeitaram a legitimidade de três sucessivos mandatos presidenciais do PT. Três mandatos cuja lisura, aliás, com as revelações da força-tarefa da Lava Jato, ingressam na mais nebulosa suspeita. Bastaria isso para descredenciar a veemência da tropa de choque do governo extinto. Do início ao fim desse exaustivo processo conviveram, braços dados, a obra e o conjunto da obra de uma específica mandatária. Na gênese deste impeachment, conviveram o crime de responsabilidade e uma vultosa mistura de ingredientes. Eles vão da incompetência, passam pelo conhecimento de que uma organização criminosa causou um dos maiores casos de corrupção da história e deságuam na mais tormentosa crise econômica e social da vida republicana.

Como reage o petismo diante desse quadro? Com arrogância, virulência e irresponsabilidade. Em momento algum, desde março do ano passado, o partido, seus agentes e a própria presidente demonstraram qualquer preocupação com a situação nacional. Nada! Brandiam os números dos tempos de bonança, da China compradora e do petróleo em alta, como se fossem méritos, e méritos permanentes, do governo. Nunca dedicaram uma palavra sequer aos 14 milhões de desempregados de agora, nem às famílias cuja renda despenca, nem às vítimas da criminalidade que se abastece do ódio de classes, raça e "gênero" semeado, nem às empresas que fecham as portas. Só os mobiliza a construção de discursos que possam pavimentar uma viela de retorno ao poder.

Não lembro de outra circunstância em nossa história na qual os ditames constitucionais tenham sido tão minuciosa e longamente observados. Para o petismo, porém, tratava-se de uma nova queda de Jango, de um novo suicídio de Vargas. Impossível não ver em tudo isso o mesmo petismo de sempre, dedicado à dissimulação da realidade, às mentiras, ao espargimento de ódios e à construção de versões como genéricos da verdade incômoda. Portanto, onde alguns veem combatividade e dedicação à causa eu identifico contumácia, vícios empedernidos, incorrigibilidade. Já não queimam pneus, os artífices do caos?

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Genaro Faria -   02/09/2016 12:24:08

MONSTRENGO JURÍDICO - Após uma prolongada ordenha, a vaca chutou o balde e esparramou o leite no curral. Esta é a imagem da sessão de impeachment mais longa da história. Com a patada na Constituição, o que nos resta é continuar a beber leite com esterco no balde da fazenda coletivista que um dia foi um país chamado Brasil. Até o amargo fim? O que poderia ter sido uma festa da democracia degenerou-se em uma farsa da cleptocracia.

sanseverina -   01/09/2016 15:33:24

Quando os presidentes do Senado Federal e do STF se associam, iguais que são, à escória partidária para violentar a Constituição Federal num simulacro de ajuda humanitária a uma presidente da República nacionalmente execrada e condenada à perda do mandato; quando, também tramando ao lado dessas autoridades, vemos a ralé moral na pessoa de um Lula da Silva e mais todos aqueles seus companheiros indiciados por assalto ao Tesouro Nacional; quando o partido apeado do topo do poder incentiva manifestações violentas e, ainda, quando se quer apelar em pura procrastinação e malandragem de uma condenação à perda de mandato por mais de 2/3 do quorum legalmente exigido, resta aos cidadãos deste país quase nenhuma esperança mais. Os brasileiros que são desinformados na sua esmagadora maioria, cegados e cevados a futebol, olimpíadas e carnaval comme il faut para a manutenção dos privilégios de governos populistas sem contestação, não percebem – ou pior, se acham representados por aqueles nos quais admiram a esperta rapacidade – e não se dão conta de que são eles, a base da pirâmide, principalmente os ombros que sustentam os “pais e as mães dos pobres” no desfrute grátis de todas as mordomias que estes queiram desejar e desfrutar. Hoje, portanto, é tempo de recorrer a Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”