• Percival Puggina
  • 03/12/2023
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Vamos bien, é o que dizem também aqui, enquanto perseguem quem diverge.

 

Percival Puggina

         A vida me permitiu que um dia, no ano de 2001, eu fosse a Cuba ver de perto aquilo que era vendido no mercado brasileiro como evidência do sucesso social, político e econômico do comunismo. Antes de viajar, devorei vários livros proporcionados pelo amigo Flávio Del Mese, publicados nos primeiros anos da ditadura Castro, e pesquisei imagens, entre as quais essa clássica em que Fidel declara aos miseráveis cubanos: “Vamos bien!”. Ao voltar e relatar o que observei, as pessoas me pediam que reproduzisse em livro aquelas observações.

Para fazê-lo, retornei à ilha em 2002. Minha inexperiência em lidar com as restrições impostas por uma ditadura comunista fizeram com que ficasse exposto à observação do sistema de inteligência do estado cubano. Eu fizera contato telefônico com líderes dissidentes que estavam grampeados e, depois, os contatara pessoalmente. Eu conto tudo isso no livro “A tragédia da Utopia”. O ponto a que quero chegar é o seguinte: nessas viagens e na que fiz em 2011, quando entrava no avião para retornar ao Brasil, experimentava gratificante sentimento de alívio: “Felizmente, volto a meu país, onde as coisas não são assim!”.

Pois agora, também aqui, as coisas são assim! Já temos um presidente que se diz comunista e é parceiro de seus ditadores. No Congresso Nacional, uma centena de bravos enfrenta quinhentos deputados e senadores que querem viver de “bolsa governista”. Uma Suprema Corte política, onde ministros usam amplamente o vocabulário de um dos lados em antagonismo e se comprazem em relatar seus sucessos nesse campo. Já temos todo o ambiente cultural tomado e expelindo o contraditório. A cadeia produtiva da educação está aparelhada, o jornalismo foi amestrado e quem se recusou, expurgado.  As instituições religiosas estão infiltradas. Há censura, repressão, exílio e até poucos dias tínhamos mais presos políticos do que Cuba. Se incluir os de tornozeleira, há muito mais desses infelizes aqui do que lá. As plataformas de redes sociais estão garroteadas por monocrática determinação do ministro da Justiça que disse:

Esse tempo da autorregulação, da ausência da regulação, da liberdade de expressão como valor absoluto, que é uma fraude, que é uma falcatrua, esse tempo acabou no Brasil, tenham clareza definitiva disso. (...) Os senhores e as senhoras viveram o processo eleitoral de 2022 no Brasil. Adotem isso como referência. É o que nós faremos com os senhores.”

A palavra ídiche “pogrom”, nascida na perseguição aos judeus russos no final do século XIX e estendida ao acossamento de grupos sociais inteiros, é agora perfeitamente aplicável ao que acontece com a direita no Brasil! Ela é acusada de todos os males por defender a liberdade e os valores de grande estima na cultura ocidental. Quem a ataca, estranhamente diz combater o discurso de ódio mostrando os dentes, se declara contramajoritário dependendo de quem ganha a eleição, é imoderado e cobra moderação, ouve Lula falar e não percebe as fissuras se abrindo rancorosas na sociedade.

As liberdades são malvistas, o direito à propriedade privada é relativizado; o direito de herança é exorcizado; o Estado cresce e encarece; a dívida pública é culpa de quem empresta e não de quem gasta mais do que arrecada, pede emprestado e não pode pagar; a sociedade empobrece, a economia patina e a indústria perde competitividade. Enquanto isso, o governo itinerante, vagando de um para outro entre os mais luxuosos hotéis internacionais, quer financiar os camaradas de sua pátria grande. Comunismo é assim, testemunho de vida... Me poupem!

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


celsoladislaukssick -   06/12/2023 18:56:33

O genocidio comunista, mata e prende milhares de inocentes e só é òtimo para o Gram COMITE, que passa ter A POSSE DE TODOS OS BENS E DE TODAS AS PESSOAS!

Danubio Edon Franco -   04/12/2023 19:22:20

Esta é verdade que hoje impera no Brasil, bem ao gosto do "Sistema", onde esse fluído poder circula pelos Três Poderes da República. Não há segurança, os adversários foram banidos e outros estão a caminho. O medo - esse monstro dominador - é o que impera contra o direito de liberdade, de livre manifestação do pensamento e de crítica. Veja a última decisão do STF com relação à imprensa; os tentáculos do monstro estão chegando em quem o ajudou criá-lo. Pode ser que se alertem a tempo e reajam com altivez ou, no mínimo, em defesa de seus próprios interesses, que por via transversa defenderá o direito de livre expressão. A censura não é o remédio contra a mentira, este reside na defesa da verdade. Os tempos são ruins; a continuar como está o final não será nada agradável. Lembro que naquela confissão do Min. Gilmar Mendes, dizendo que o Brasil foi salvo pela ação do STF, descondenando Lula e colocando-o no pleito de 2022, também contém uma mensagem subliminar a este, qual seja, tu dependes de nós, o STF. Fiquemos alerta!

MARIA DA GLÓRIA FRITSCH NUNES -   04/12/2023 16:27:54

Esquerda só sobe ao poder através de golpe(grandes promessas vasias), jamais por voto popular

marisa van de putte -   04/12/2023 12:28:46

Serao os 90% de venezuelanos os mesmos que reelegeram Maduro por mais 6 anos?

Antônio Dantas -   04/12/2023 10:52:51

Realmente só existem duas hipóteses para apoiar um governo comunista, como disse Menelau: interesse ou ignorância.

antonio nelson francisco de oliveira -   04/12/2023 09:14:51

Descondenado está com inveja, venezuena 90% votaram por anexa Guiana, fidel ainda vive relativizando as coisas, maioria da europa das "Cruzadas" é vermelha, nós deste país rico estamos caminhando para o socialismo, graças aos isentões e grupos de poder, TRISTE

José Paulo Moletta -   04/12/2023 09:14:03

Estive no lançamento obra referida, e já emprestei para algum amigo duvidosos d seu relato.

Afonso Pires Faria -   04/12/2023 08:51:40

Certamente o nosso ministro dirá que o que ele disse não foi dito. E quando comprovado, alegará que foi tirado de contexto, mesmo isso sendo explicitamente declarado por ele. Recomendo a quem não leu, ler os dois livros sobre o assunto, do professor Puggina.

Menelau Santos -   03/12/2023 20:32:58

Perfeito, Professor. E há quem goste e apoia. Ou por interesse ou por ignorância.