• Percival Puggina
  • 18/10/2017
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UM JORNALISMO QUE ACABOU

 

 Há um jornalismo que acabou. Fala com as paredes. Irresignado ante a falta de eco, cospe no vento. Cisca no dicionário adjetivos que, de tão mascados, se tornaram rejeitos de lixo orgânico, direto ao saco preto. O vocabulário com que o "politicamente correto" se protegia entra num debate, hoje, murcho como maracujá. Quem leva a sério o adjetivo "reacionário!", ou "conservador!", ou "neoliberal!" (lembram dele?), ou ainda o "fascista!", que os próprios comunistas gastaram mundo afora contra seus adversários antes do tiro na nuca?

Durante décadas, esses senhores foram os regentes das redações, onde desfilavam proféticos, iluminando o mundo com olhares que se derramavam sobre uma nova humanidade e um novo tempo. Eram os kaisers do quarto poder, ditando as normas técnicas para a engenharia do brilhante futuro. Perder tempo com eles, agora, é como contemplar a alvorada de um passado que se refuga. Xô! Quebraram o Brasil, acabaram com a Educação e atacaram, um a um, os valores que sustentariam moralmente a nação.

A sociedade compreendeu, por fim, que, tanto quanto ela precisa conservar valores que orientem as ações humanas para o bem (conservadorismo), a economia precisa de liberdade (liberalismo) para evoluir. Se observarmos atentamente, veremos que isso é tudo que o velho jornalismo militante, mãos dadas com os camaradas do mundo acadêmico, se dedicou a destruir; e que parcela importante do clero católico se descuidou de preservar.

Tem duas razões fundamentais para viver, esse jornalismo. A primeira é servir de memorial adulterado dos "anos de chumbo". Vivem na nostalgia daquele período, misturando a saudade da própria juventude com o tempo em que conseguiram articular um discurso cuja consequência, em tese, rimava com a causa. A segunda é combater liberais e conservadores, qualificando-os como fascistas. Mas, sem direito a tiro na nuca, tudo fica menos produtivo. Fazer o quê? Mudar-se para Cuba ou para a Coreia do Norte?

Não recordo, ao menos em passado recente, de esforços retóricos tão velhacos, tão fraudulentos, quanto os empregados nas últimas semanas por esse jornalismo para tentar convencer a sociedade de que:

• os conservadores seriam hipócritas bradando contra  nudez e  erotismo na arte;
• gravuras grotescas dedicadas a sujos entreveros sexuais, se expostas em ambiente cultural, deveriam merecer a mesma reverência de conhecidas obras-primas da arte universal;
• sentimentos e atitudes tão diferentes entre si como repulsa, indignação e boicote seriam "sinônimos" de censura;
• sexo não existiria, o que existe é gênero e toda criança deveria começar a aprender isso no bercinho da maternidade;
• as redes sociais seriam uma terra de ninguém tomada pela direita raivosa.

Quem faz afirmações assim não está a mudar de assunto. Está a corromper a razão, conforme mencionei em recente vídeo. Há semanas repetem isso ao país e querem credibilidade? Pretendem seguir influenciando a opinião pública? Subestimam a inteligência daqueles com quem se comunicam! Foi ao servir nacionalmente esse cardápio de falsidades que o velho jornalismo militante deu extraordinário alento aos bons conservadores e aos bons liberais. Refiro-me aos conservadores que estimam a liberdade e aos liberais que reconhecem a necessidade de preservar valores morais. 

A sociedade não se escandaliza com nudez desde 22 de abril de 1500 e pouco se interessa pelo que acontece atrás das portas, desde que seja vedado o acesso a crianças. Mas entendeu, perfeitamente bem, ser isso que jogou o velho jornalismo militante na pornomilitância.
O silêncio que cai sobre ele vem por overdose de si mesmo.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Isac -   26/10/2017 10:43:20

V E FAMILIA FORAM HOJE À BOEMIA, NÃO? ENTENDI, PREFERE SEMPRE DE NOITE NAQUELES MESMOS HORARIOS, NÉ? Fácil, explico como: acesse as sexo-novelas, BBBs da Globo e outros programas afins doutras emissoras e, como as cenas são as mesmas de um quarto de motel - todos os dias terá dado um rolé por lá - dessa forma, pervertendo-se e a seus filhos menores os corrompendo! Depois, não estranhe de se seu ambiente familiar, agora uma zorra, se tornar um ambiente infernal e seus descendentes se mudarem em material-ateístas, psicopatas, comunistas, serial killers, em suma, colaborando para sermos até mesmo governados pelas futuras legiões de zumbis, espalhados em todos os lugares!

Jonny Hawke -   20/10/2017 13:15:36

A verdade que eles só "pensam naquilo" e como já realizaram suas fantasias sendo heterosexual ou homosexual agora querem partir para a pedofilia (zoofilia provavelmente já praticam). O engraçado que eles escacaram tudo de vez depois que a esquerda começou a perder poder. Por que será?

Mario -   19/10/2017 20:55:50

Correto o Alexandre Lunkes. Necessário se faz, e com a presteza possível, abrir a cabeça dos 4 + 4 = 9 incorporando-os a um movimento uniforme. A dispersão é grande. Mais Pugginas, mais Olavos, mais Leandros Ruschel: precisamos te-los e divulga-los ao máximo.

Dalton Catunda Rocha -   19/10/2017 14:19:59

Em resumo: Luta de classes morta; lutas de raças e de boiolas postas...

Thiago -   18/10/2017 21:32:10

Essa erotização das crianças, que faz parte de uma ideologia falida, está cada vez mais sendo aceita, com naturalidade, pela sociedade. Tudo isso deve-se a massificação dessas ideias pelos grandes veículo de comunicação. Por fim, fica meus agradecimentos pelos excelentes artigos publicados. Parabéns Puggina!

Alexandre Lunkes -   18/10/2017 18:40:06

É reconfortante ler um texto como esse, traz alívio ao nosso senso lógico. Digo isso porque tem dias que cansa ouvir tantos comentários cheios de inversão lógica, as novelas mostrando o certo como errado e o errado como certo. Mas o pior mesmo é perceber e saber que muitos se deixam levar por qualquer "4+4 = 9", e que irão repetir o quanto puderem toda bobagem aprendida. Precisamos de mais blogs e mais pessoas como Puggina escrevendo algo que ajude a amenizar a ação desta mídia corrompida. Grande abraço, Deus o abençoe !

Odilon Rocha -   18/10/2017 18:18:05

Prezado Professor Gostei do termo pornomilitância. Cai a máscara aqui e no mundo da mega desfaçatez de quem (aqui incluídas todas as pessoas e instituições no sagrado dever de bem cumprir a cartilha imunda) nem sequer acredita naquilo que faz. Mas o faz por privilégios, dinheiro, muito dinheiro, poder e garantismo de impunidade. Nunca se preocuparam com os respingos dessa nefasta empreitada, que poderia muito bem atingir os seus amigos e familiares. Essa balela e estrondosa mentira do “um outro mundo possível “ é de uma inaudita tentativa de manutenção da vagabundagem, pendurados em belos cargos e posições mundo afora. Pagarão caro por isso. Na realidade, eles mesmos, gananciosos e renitentes, atrasaram, e muito (!), toda a possibilidade de se estender ao mundo todo um outro mundo muito melhor.