• Percival Puggina
  • 22/08/2016
  • Compartilhe:

UM EPISÓDIO REAL DA LONGA GUERRA PETISTA CONTRA OS COLÉGIOS MILITARES

 

Quando Olívio Dutra elegeu-se governador do Rio Grande, sua vitória foi entendida como evento culminante de uma empreitada revolucionária. Olívio e seus companheiros chegaram ao Palácio Piratini, em 1º de janeiro de 1999, mais ou menos como Che Guevara e Camilo Cienfuegos haviam entrado em Havana exatos 40 anos antes - donos do pedaço, para fazer o que bem entendessem e quisessem. Só faltou um velho tanque de guerra para os bigodudos e barbudos do PT se amontoarem em cima.

Foi com esse voluntarismo que o primeiro governador gaúcho petista, posteriormente conhecido como "O Exterminador do Futuro I" (haveria uma segunda versão com outro ator), despachou a montadora da Ford para Camaçari, na Bahia. "Nenhum centavo de dinheiro público para uma empresa que não precisa!", explicava o governador incandescendo sua mistura de vetustos ardores messiânicos e antiamericanismo adolescente. E o PIB gaúcho, por meia dúzia de tostões, perdeu mais de um bilhão de dólares por ano pelo resto de nossas vidas. Foi assim, também, que se instalaram pela primeira vez entre nós a tolerância, as palavras macias, o aconchego e os abraços aos criminosos, seguidos de recriminações e restrições às ações policiais. Foi assim que o MST e as invasões de terras ganharam uma secretaria de Estado. Foi assim, também, que o PT gaúcho inventou uma Constituinte Escolar, instrumento ideológico concebido para, sob rótulo de participação popular, permitir que o partido estabelecesse as diretrizes de uma educação comunista no Rio Grande do Sul.

A essas alturas já era gritante o contraste entre a qualidade da Educação prestada pelo Colégio Tiradentes, sob orientação da Brigada Militar, e o decadente ensino público estadual. A insuportável contradição não comportava explicações palatáveis, mas sua notoriedade exigia completa eliminação. E o governo transferiu o tradicional Colégio para a já então ultra-ideologizada Secretaria de Educação. O Colégio Tiradentes foi condenado à morte, executado e esquartejado. No mesmo intento de combater a quem defende a sociedade e de afrontar a tudo que pudesse parecer militar, Olívio Dutra retirou o comando da Brigada Militar do prédio onde historicamente funcionava e fez a Chefia de Polícia mudar-se do Palácio da Polícia. Sim, sim, parece mentira, mas é verdade pura.

Eleito governador em 2002, Germano Rigotto, tratou de reverter o aviltamento das instituições policiais. Fez com que seus comandos retornassem às sedes tradicionais e decretou a volta do Colégio Tiradentes à Brigada Militar. Ao se pronunciar durante a solenidade de assinatura desse decreto, o governador afirmou algo que não pode sumir nas brumas do esquecimento porque define muito bem a natureza totalitária de seu antecessor: "Não raro, por escassez de recursos ou limitações de qualquer natureza, a comunidade quer algo e o governo não pode atender. O que raramente acontece é o governo fazer algo contra o manifesto desejo da comunidade. Foi o que o aconteceu e é o que sendo retificado neste momento. O Colégio Tiradentes volta para onde deve estar. O Quartel General da Brigada Militar, retornou ao seu QG. A Polícia Civil voltou para o Palácio da Polícia".

Três atos marcantes, revogando providências que o governo petista impôs à sociedade gaúcha, contrariando-a intensamente, apenas para expressar seu antagonismo a tudo que fosse ou seja policial e militar.

Decorridos 13 anos, podemos ler no episódio aqui narrado as preliminares de um antagonismo que não se extinguiu. Persiste ainda hoje, entre as esquerdas, com apoio da burocracia do Ministério da Educação, uma absoluta intolerância em relação à "indisciplina pedagógica" dos colégios militares.
 

___________________________________
* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
 


josé P.maciel -   27/08/2016 22:34:55

Comentário ao primeiro artigo,sobre as origens do PT. Entendo que este partido,desde que nasceu,liderado por um mecânico de máquinas bem conhecido,sempre agitador e lider de greves,analfabeto,falastrão,mostrou ao que viera com suas crenças e atitudes.Marxistas,ateus,construiiram suas VERDADES e isolad os no início,depois ostensivamente,conquistaram a opinião dos desavisados,ingênuos e sofridos cidadãos,durante anos,até chegarem ao poder da forma que todos conhecemos.Não vejo santidade nessa gente,mas sim demagogia pura,audácia,uma união de esfomiados pelo poder,que conquistaram finalmente.devido à inépcia dos políticos dominantes.Sempre mostraram o que são,no poder iludiram muitos,mas enseguida apareceu a medula óssea.Estamos hoje vivendo este episódio final de um período longo de falsidade ideológica e incompetência.

Claudio da Motta Camozzato -   24/08/2016 16:18:19

O mesmo aconteceu com as Escolas Polivalentes, criadas em 1968 pelos governos militares e que seguia o padrão das High School e tinha ensino profissionalizante e turno integral. Foram construidos prédios novos e também montado um corpo de professores altamente qualificado e com salario maior, funcionaram em todo o Brasil até 1985. Pois redemocratizado o país logo acabaram com elas. nem aqueles brizolistas populistas que falam tanto em educação as defenderam.

Genaro Faria -   24/08/2016 13:55:19

MUITO BARULHO DE PRATO E POUCA COMIDA. O velho político pessedista Benedito Valadares tinha pavor de viajar de avião. Mas foi obrigado a voar a Brasília com a comitiva de conterrâneos e correligionários de JK, que inaugurava a nova capital federal. Lá nas alturas, o veterano governador mineiro suspirava com a mão no peito sorvendo e expirando grandes golfadas de ar. E cheio de "ais". Parecia que ia morrer. Então, preocupada, a aeromoça lhe perguntou: - Está sentindo falta de ar, governador? - Não, moça, estou sentindo falta é de terra. O PT é uma lacuna que ninguém quer preencher. Não faz falta nenhuma.

Carlos Edison Fernandes Domingues -   23/08/2016 17:25:05

PUGGINA . Temos orgulho e confiança no ensino dos colégios militares em todo o Brasil O Colégio Militar de Santa Maria é um exemplo que engrandece o nosso Estado Carlos Edison Domingues

Régis Michalski -   23/08/2016 16:16:51

Ótimo artigo! Um revolucionário (esquerdista) nada mais é do que um frustrado com seu fracasso e , que em razão dessa frustração, decide punir o mundo com sua utopia totalitariamente.

Antonio Morales -   23/08/2016 05:54:54

E o interessante no que se refere à fábrica da Ford na Bahia, depois de eleito governador o sr. Jacques Wagner do PT e Lula estiveram lá para comemorar os resultados dessa mesma fábrica, que tão pouco tempo antes havia sido execrada por esse mesmo partido. O oportunismo e hipocrisia desses meliantes não tem limites ....

Genaro Faria -   23/08/2016 04:29:13

0 A revolução cultural proposta por Antònio Gramsci - fundador do Partido Comunita Italiano - só não culminou num estado totalitário, aqui em nosso país, porque seus discípulos falharam em três de suas etapas mais decisivas: 1) O "controle social da mídia" - eufemismo para a mordaça das redes sociais da internet; 2) a reforma dos estatutos dos militares e extinção de seus colégios, cuja tradição milita em flagrante descompasso com a ideologia marxista, e; 3) por último, o aparelhamento das Forças Armadas, o que daria aos revolucionários a instância imprescindível das armas para que desfechassem o golpe institucional que afastaria os poderes legislativo e judiciário de qualquer mínimo laivo de independência em relação ao poder executivo. Fosse o governo do PT e asseclas vitorioso nesses fundamentos da revolução comunista, o Brasil já seria outra Venezuela.

Mateus Lopes -   23/08/2016 02:12:02

Puggina, a cidade aonde a Ford instalou a montadora na Bahia não foi em Camaçari? Forte abraço. Att Mateus Lopes