Percival Puggina
Quer identificar facilmente um comunista? Observe o uso que ele faz do adjetivo fascista. Tão logo essas duas ideologias surgiram e se tornaram realidade histórica, os comunistas passaram a denominar fascistas quem deles diverge. Portanto, o adjetivo diz mais de quem usa a palavra do que daquele a quem a palavra é dirigida porque “fascista” é um qualificativo gasto por décadas de uso impróprio.
A rigor, o que pude observar nas minhas próprias décadas de vida, todas posteriores ao pós-guerra (nasci em 1944), foi que, no poder, os comunistas usam em relação a quem a eles se opõe a mesma furiosa cartilha de violação de direitos, repressão, constrangimento e violência, a que atribuem as condutas fascistas. Ou seja, são ideologias gêmeas.
Impropriamente chamado, às vezes, de fascismo de esquerda, esse fenômeno é o próprio comunismo em sua liturgia tradicional desde que Lênin assumiu o poder.
Por estar presente na realidade brasileira, este assunto, repelente sob todos os aspectos, se impõe ao cronista. Diziam os acusadores do ex-presidente, que ele tinha que ser afastado do poder por ser fascista. O velhaco adjetivo lhe era e continua sendo imputado embora tenha ido sozinho ao patíbulo para se manter na linha da institucionalidade que seus adversários transpunham com a animação de quem pula a cerca para namorar.
Disso resultam inequívocos sinais de que se instala entre nós uma versão brasileira da Stasi (ministério da antiga Alemanha Oriental voltado à segurança do Estado e, na verdade uma das agências de espionagem interna mais efetivas já criadas). Seu objetivo? Defender nossa democracia da “fúria fascista”, representada pelos selvagens terroristas que cantam e rezam diante dos quartéis.
Aquela gente perigosa, que reúne milhões e nem vento faz (quanto mais ser ouvida pelos poderes terrestres aos quais fala), são os “fascistas” afastados de um “poder” que nunca tiveram. São os mesmos cujos pleitos eram obstados por quem os diz fascistas (se me faço entender) e por quem lhes voltava as costas porque se dava melhor na vida trocando votos nos painéis do Congresso por votos nas urnas de outubro. Ou pelo dinheiro que põe votos nas urnas.
* A atividade da Stasi está bem representada no filme “A vida dos outros”, dirigido por Florian Henckel von Donnermarck, origem da imagem acima.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
christiano sunderhus filho - 07/01/2023 08:51:46
Atualmente em nosso país está em curso, pela ação do Flávio Dino, a implantação da versão tupiniquim da STASI.