• Percival Puggina
  • 05/12/2020
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PLURALISMO UNIVERSITÁRIO? CONTA OUTRA.

 

 Recebo muitas mensagens eletrônicas de estudantes e de professores que reclamam da carga político-ideológica despejadas sobre eles nas universidades e cursos de ensino superior que frequentam. Já pensei em juntá-las e fazer um livro, mas a coletânea exigiria identificar os autores desses relatos e isso, mesmo quando passados vários anos, pode acarretar problemas. Sabe-se lá quais males o futuro reserva, não é mesmo?

 Por outro lado, nunca na minha vida recebi informação de assédio em sala de aula perpetrado por professores de direita, aos quais, com tão profundo conhecimento e intimidade, se referem nossos esquerdistas da ponte aérea Rio – Miami. Isso me ensina duas coisas: a esquerda nativa tem bom gosto e a direita no Brasil é apenas uma forma de vida interior.

Desde os anos 90 escrevo sobre a tomada de assalto da Educação em todos os níveis. Nunca alguém reclamou de uma aula “fascista” que desnudasse as ações no Brasil, desde os anos 30, do Komintern e de seu Serviço de Ligações Internacionais. Nunca recebi comentário, fosse comemorativo, fosse recriminatório, sobre qualquer professor que houvesse referido as ações dos aparelhos comunistas na América Ibérica como parte de suas estratégias no continente. Nunca! É como se, por indolência destes e insignificância do Brasil, em plena Guerra Fria, nosso país tivesse sido chutado para o lado pelos soviéticos como uma casca de barata morta.

Em sentido oposto, porém, é um Deus nos acuda. Ocultação de fatos e autores, bem como a laboriosa construção de versões, se unem à sempre presente ideia de que a esquerda, malgrado seu alentadíssimo histórico de genocídios, malfeitos e fracassos, detém direitos exclusivos sobre as boas intenções. Quando tombam cortinas de ferro, muros e máscaras, de modo orquestrado respondem tais mestres que “aquilo” nunca foi o comunismo. Ou seja, nada é mais diferente do comunismo da sala de aula no Brasil do que o comunismo real.

Esse fabuloso espaço de influência que rege a educação brasileira, que a derruba qualitativamente e a faz perder posição nos rankings internacionais está de tal modo dominado que aqui no Rio Grande do Sul registrou-se um fato surpreendente. Em plena campanha eleitoral para a prefeitura da capital do Estado, cinco ex-reitores da UFRGS assinaram e divulgaram um manifesto de apoio à candidata do PCdoB. Ela seria “a esperança de uma cidade mais solidária, participativa e inovadora”. Não foi necessário buscar, para dar vulto a esse documento, reitores de gestões intercaladas. Não. Os signatários são cinco ex-reitores cujos mandatos cobrem todo o período de 1992 a 2020.

Meu periscópio não capta evidência maior da total falta de pluralismo ou de que o alegado pluralismo garantido pela autonomia universitária é um eterno 1º de abril contado aos cidadãos pagadores de contas.

 

* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.


 


Fran -   08/12/2020 12:03:54

Acho que sou do seu tempo puggina, pois o que vc escreve é. Exatamente o que eu enxergo ,e concordo em tudo .

PAULO BELLO -   07/12/2020 21:46:12

Caro Percival vc tem toda a razao . Formei-me na Engenharia da UFRGS em 1966 e fui perofessor da mesma ate 1973. O ambiente era de respeito e estudo . Depois disso - principalmente a partir do primeiro governo do PT tudo mudou . Uma vergonha . Hoje a qualidade das universidades Federais foi para o ralo . Espero que haja uma retomada da seriedade .

Carlos Edison Fernandes Domingues -   07/12/2020 15:32:37

PUGGINA. Chego a conclusão que o processo de escolha é a causa desta submissão. Candidatos que participam de lista já autodeclaram, por escrito, contrários à escolha para ocupar a função significa um desprezo ao próprio nome. É uma farsa que compromete além da instrução, também a educação. Carlos Edison Domingues

Pedro Ubiratan Machado de Camposp -   07/12/2020 15:24:00

Prezado Puggina, imagine, fiz Ciências Sociais e Política na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, onde o único professor, Alfonso Trujilo Ferrari, já falecido, de saudosa memória, que não era esquerdista, foi vítima de um complô de alunos que o queriam fora da universidade, imputando a ele incompetência quando era o mais culto e competente com várias obras publicadas na área de pesquisas e o mais titulado dos professores. A aluna, de família rica que propôs sua destituição junto com várias outras decisões estúpidas como fazer uma passeata, conseguiu a aprovação dizendo: "Quem estiver de acordo permaneça como está". Após sua exposição levantei-me e propus que tudo que havia sido decido fosse revogado e repeti que quem estivesse de acordo permanecesse como estava, e ninguém se mexeu mesmo porque ninguém a estava ouvindo.

Jorge Heleno -   07/12/2020 13:55:44

Gosto dos artigos do Puggina, sempre vêm aclarar nossos pensamentos e alinhar os argumentos com eles. Mas é certo que a tomada do cenário acadêmico e "artístico" se inicia com maior vigor no anos 60. Ou seja, há sessenta anos ou mais a nossa juventude (muitos hoje septuagenários) vem sendo submetida à doutrinação da esquerda, impunemente.

Adão Silva Oliveira -   07/12/2020 13:47:18

Perfeito o artigo no que se refere às universidades. O problema que isso se aplica também às faculdades privadas. Talvez isso se deva ao fato de grande parte dos professores destas faculdades terem a sua formação nas universidades públicas. O pior ainda é saber que as nossas forças armadas estão contaminadas deste esquerdismo, senão explicito, sem dúvida implícito. Prestem atenção nas manifestações de nossos generais. O que são as falas do General Heleno??? O ministro da Saúde nem precisa falar. Aquele porta-voz, então. Meu Deus!!!! Com aquelas mesóclises Temerianas, totalmente incabíveis. Em suma, ao mesmo tempo que o furo é mais em baixo, também é mais em cima.

Afonso Pires Faria -   07/12/2020 13:40:40

Deve ser maçante ter que dizer o óbvio. Pior. Ainda ser contestado por alguns. Tive durante toda a minha faculdade, no máximo 3 professores de esquerda. Todos eles dignos de pena quando eu debatia com eles em sala de aula. Felizmente para eles, eu sou muito disciplinado e não ia além da réplica. Hoje até me arrependo. Parabéns pelo texto professor.

Um Brasileiro -   07/12/2020 13:24:40

Eu, por mim, colocaria esses vagabundos todos na cadeia, a começar pelo STF.

Armando Micelli -   07/12/2020 10:55:36

Tem toda razão Percival. Lamentei pelo Reitor Henemann. Parecia-me diferente quando fui seu aluno.

FERNANDO A O PRIETO -   06/12/2020 08:13:38

Obrigado pelo ótimo artigo (mais um!). Parece que estamos próximos do ponto (se é que ainda não chegamos nele) em que ter um diploma universitário não significará mais nada; há muitos "graduados" e "doutores" que mal sabem articular frases com concordância correta, e que tenham conteúdo coerente... Há, além disso, o desprezo total pelas regras da boa convivência (uso totalmente desnecessário de palavrões, agressões gratuitas e coisas assim. Deus nos acuda!

Marisa -   05/12/2020 16:00:58

E pensar q k os professores odiavam o lula porque ele não tinha curso universitário.

Flavio de Albuquerque -   05/12/2020 15:38:24

Concordo em gênero, número e grau. É impossível mudar essa realidade enquanto perdurar essa absurda autonomia universitária vigente.