• Míriam Leitão e Leonardo Zanelli
  • 19/02/2009
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OS ILUSIONISTAS - O Globo

Coluna Panorama Econ?o Se o PAC fosse o que dizem o que o PAC ?o pa?n?estaria neste ambiente recessivo. Simples como isso. Se houvesse investimentos criando uma demanda da ordem de R$ 646 bilh?em dois anos, n?haveria desacelera?. Se apenas 2% das obras estivessem atrasadas, o pa?estaria andando. O governo est?azendo propaganda extempor?a e usando o Ex?ito em frentes de obra. O truque para o gordo n?o que o governo apresentou foi somar inten?s de investimentos privados, que podem nem ser feitos, planos de estatais engordados por raz?pol?cas, com investimento p?co que pode ou n?ser feito. Depois, colocar tudo num mesmo embrulho e mostrar como obra do governo. Tudo ?AC, at? que ?eito pelos estados com dinheiro dos estados. A entrevista de ontem foi para escalar o n?o, levando-o dos iniciais R$ 503 bilh?para R$ 646 bilh?os recursos do programa at?010. Tirando toda a fuma? o governo, nos ?mos dois anos, se comprometeu a investir no PAC, com recursos do or?ento, segundo o balan?do site Contas Abertas, R$ 35 bilh? executou despesas de R$ 22 bilh? pagou no exerc?o efetivo apenas R$ 8,5 bilh? Se somar o que pagou do que ficou pendurado de anos anteriores, no chamado restos a pagar, foram R$ 18,7 bilh? O setor p?co no Brasil investe pouco historicamente. Veja na tabela preparada pelo economista F?o Giambiagi, com dados do Tesouro Nacional, que o investimento tem se mantido um pouco abaixo ou um pouco acima de 1% do PIB ao ano. O fundo do po?dessa s?e foi em 2003, quando chegou a 0,5%. Uma reuni?de presta? de contas seria bem vinda. Se fosse de fato uma presta? de contas com transpar?ia, mostrando onde est?avendo problemas, que tipo de problemas e como devem ser removidos. Mas foi mais uma cena fantasiosa de apresenta? de um n?o inflado para que, ao fim, se desse o recado eleitoreiro. O governo quer um candidato que queira a continuidade do PAC. Isso ?ropaganda fora de hora e no mesmo tom do que foi feito pelo governo durante a campanha municipal: vinculando-se projetos desejados pela popula? com o voto em determinado candidato. V?os projetos do PAC est?sendo tocados pelo Ex?ito, como a transposi? do Rio S?Francisco e as obras na BR-101 e na BR-319. O Ex?ito ?sado como empresa de obras, e para criar fato consumado e, assim, dissuadir os opositores do projeto. Em outros casos, a incapacidade gerencial ?scondida pela acusa? de que o meio ambiente ?ue impede a obra. Em v?os pa?s, as obras para retomada do n?l de atividade est?sendo usadas como parte do projeto de transi? para uma economia de baixo carbono. Os projetos do PAC, com dinheiro p?co, licenciados ou patrocinados pelo estado, s?feitos como se a quest?ambiental e clim?ca fosse uma abstra?. A vari?l n??evada em conta, apesar de ser tratada com cada vez mais seriedade no mundo inteiro. Esse descuido explica o fato de o governo prever no seu plano decenal energ?co 67 termel?icas. ?tamb?pelo mesmo descuido com o futuro clim?co que o governo trata com tanto descaso as propostas alternativas para a BR-319, estrada que liga Manaus a Porto Velho. A obra, se for conclu?, levar? desmatamento para o cora? do estado mais preservado do pa? o Amazonas. O governo faz projetos que criam enormes riscos ambientais e depois culpa o meio ambiente de impedir a acelera? do crescimento. N??egredo para ningu?que a BR-319 ? alavanca na qual o ministro Alfredo Nascimento espera se projetar na candidatura ao governo do estado. O PAC n?tem o tamanho que dizem, a maior parte do n?o ?uma? E no que tem de verdadeiro ele ?em muitos casos, uma amea? por ser planejado e executado com uma vis?retr?da. Parte do espet?lo do crescimento do PAC anunciado ontem ? inflado plano de investimento da Petrobras. O pre?do petr? despencou, a demanda caiu, as empresas est?descapitalizadas, a Petrobras tem que pegar dinheiro na Caixa Econ?a e no BNDES para se financiar, e diz que vai aumentar seu plano de investimento. N?vai por falta de dinheiro, mas o n?o fabricado serve ao prop?o de apresentar outro n?o, o do PAC, bem gordo que justifique a frase: o candidato de 2010 ter?ue apoiar o PAC.