• Percival Puggina
  • 06/12/2016
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ORGASMOS AUDITIVOS

 

A estas alturas da história do Ocidente, o discurso político mais perigoso e mais prejudicial, porque produz verdadeiros orgasmos auditivos, é o que fala sobre a pobreza com intuito de gerar energia política.

Amar o próximo e dedicar zelo especial aos mais necessitados é mandamento divino e missão profundamente humana, que cada um deve cumprir segundo sua vocação, discernindo na pluralidade de meios que as circunstâncias proporcionam. Não obstante, junto a tantos e tão belos exemplos de amor e solidariedade, existem, na vida civil e, não raro, na religiosa, aparelhos políticos que vivem hipocritamente desse discurso e para esse discurso. São pessoas que se abastecem do poder que ele confere e, nos confortos da vida fácil, matraqueiam sua parolagem com vapores alcoólicos dos melhores vinhos e perdigotos da mesa farta.

Se ficassem nisso, seriam apenas hipócritas. O que os torna perigosos e prejudiciais é que sua falsa devoção inclui, para o melhor efeito político, a pregação do ressentimento e do ódio ao rico. É aí, na construção do confronto, que efetivamente começam a fazer política e, simultaneamente, a causar dano àqueles por quem dizem zelar. Não lhes basta fingir um conteúdo amoroso. A eficácia exige apresentar algo a combater e alguém para odiar. Então, esse discurso arrasta consigo a luta de classes e uma retórica convenientemente estruturada para alcançar o efeito desejado.

O amor trambiqueiro ao pobre vai contra a própria ideia de riqueza. Com isso, adota mecanismos que sufocam as energias produtivas, penalizam investimentos, criam insegurança jurídica, tornam malvistos os empreendedores, põem em risco os bens individuais, elevam a carga tributária, expandem a dívida pública e, inevitavelmente, produzem miséria e desemprego. Tudo por fingido "amor ao pobre". Cada passo nesse malsinado caminho chuta para o acostamento as possibilidades de desenvolvimento social e econômico. E mais: os devotos desse discurso, em nome dele, perdoam todos os malefícios que produziu ao longo da história. É por ele que recebem absolvição política os crimes e agressões à democracia e às liberdades cometidos por Fidel, Che Guevara, Chávez, Maduro e muitos outros. É por ele que se entrega ao silêncio o martírio de leigos e religiosos. É por ele que se desconsidera o fabuloso enriquecimento ilícito de tantos amantes infiéis da pobreza. É por ele, também, que se expõe a nação ao comando político de pessoas sobre cujo despreparo não cabem dúvidas.

Esse orgasmo auditivo resiste, até mesmo, ao teste do fracasso e da total inutilidade desse discurso. A fé que ele gera é capaz de lançar ao mar toda uma cordilheira de evidências.
 

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Genaro Faria -   06/12/2016 19:04:02

Os psicopatas e sua corte de doentes psíquicos das mais variadas anomalias são incapazes de conviver com pessoas normais e possuem uma inteligência abaixo da média. Eles sabem que são diferentes e que só poderão viver com segurança e conforto numa sociedade onde os desvios morais sejam a regra imposta a seus desiguais. Daí proporem "um mundo e um homem novos" onde todos possam viver felizes para sempre. Para isso é que eles se escondem por detrás da máscara da ideologia, que sabem intuitivamente ser falsa, mas indispensável para enganar os incautos. E para motivar outros, menos doentes que eles, a lutarem por uma "causa justa". Uma vez instalada a patocracia, no entanto, os psicopatas assumem a direção do Estado e dominam a população pelo terror, a miséria econômica e a fome. Vale dizer, mostram sua verdadeira face que aos ingênuos parece uma perversão da ideologia. "Marx foi incorretamente interpretado", dizem esses tolos sonhadores. Não, Marx mesmo era um esquizóide. Toda sociedade dividida entre senhores do Estado e o povo avassalado é, necessariamente, brutal e depravada. A hegemonia comunista nas artes, na educação, na mídia, enfim, na cultura nacional pavimenta o caminho espinhoso para esse abismo político, moral, social e cultural de nossa nação. É preciso pisar, urgentemente, a cabeça dessa serpente.

Odilon Rocha -   06/12/2016 16:29:26

Aplausos! Aplausos! Eu, professor, é que quase tive um orgasmo aqui, lendo. Mas, ...o senhor já pensou isso ser lido via alto falante todos os dias, três vezes ao dia, nos corredores e celas de Curitiba, evidentemente depois de todos, todos!, presos? Será que teriam algum orgasmo?