• Percival Puggina
  • 25/11/2021
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ONZE HOMENS E UM SEGREDO

 

Percival Puggina

 

         Arthur Lira diz não haver acordo para criar a comissão necessária ao andamento da PEC que pretende restabelecer a idade de 70 anos para aposentadoria compulsória de ministros do STF. Com isso, ele quer dizer que ouviu os líderes e não percebeu suficiente apoio à medida. Ouviu? Não ouviu? Ouviu os que queria ouvir? Difícil saber.

Episódios assim, se sucedem nas duas casas do Congresso, com os presidentes ora impondo monocraticamente seu querer, ora “ouvindo os líderes” que, por sua vez não agem diferentemente em relação às bancadas. Você lembra, leitor, da visitinha do ministro Roberto Barroso à Câmara dos Deputados? Instantes depois, alguns líderes substituíram os parlamentares convictos da importância e necessidade da urna eletrônica com impressora por outros incumbidos de votar contra. É por essa combinação de meios que vamos morrer sem saber, por exemplo, quais os congressistas que são contra o fim do foro privilegiado, quais os que são contra a prisão após condenação em segunda instância e quais os que consideram todos os ministros do STF como zelosos e perfeitos cumpridores de suas obrigações.  

         De quanto se vê e se sabe, sobram às nossas reflexões duas questões.

A primeira é uma pergunta.

Para que servem 513 deputados se não mais de onze pessoas (por acaso o mesmo número de ministros do STF) tomam todas as decisões realmente importantes? De fato, por princípio, o plenário só vota o que o presidente quer, e os deputados, ao votar, salvo exceções, seguem os líderes. Estes, por seu turno, não deixam digitais nessas decisões de colegiado.

A segunda é o segredo.

De onde vem o poder dos líderes de bancada? Como obtêm essa submissão de seus comandados que, afinal, são titulares de mandato popular até recentemente merecedor de respeito (por respeito ao eleitor, mas este é outro assunto)? O poder dos líderes provém do pacote de atribuições políticas e burocráticas que lhes corresponde. Entre outras: indicações para integrar e presidir comissões, designação para representações internas e externas, liberação de meios, nomeação de indicados para cargos de confiança, e, principalmente, emendas parlamentares, verbas partidárias e de campanha eleitoral. 

Estes assuntos são de grande importância para uma sociedade que não se sente representada e a cujo querer e a cujas manifestações Congresso e STF voltam as costas. Contudo, tais temas passam longe do interesse dos grandes grupos de comunicação do país.

A nação precisa dos poderes de Estado, mas estes fazem o possível para descartá-la de suas preocupações.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

 

 


Aureo Ramos de Souza -   30/11/2021 19:53:29

Não dá nem para parar e pensar. São 513 Deputados que se multiplicarmos quanto vale eles por mês tiraria o País do buraco. Agora onze ministros que são homens formados resolvem problemas que os 513 só sabem de fizer uma marmota, arrumadinho por dinheiro.Onde vamos parar?

Pedro Ubiratan Machado de Campos -   29/11/2021 12:14:40

Como sempre, diagnóstico perfeito, mas questiona o Sr. Jorge Fenerich "Nunca foi tão necessária uma reforma política eleitoral neste país, mas como consegui-la? Eis a questão, pois o prognóstico dessa doença tende a piorar. Nós, monarquistas, milhões pelo Brasil, nos esforçamos e temos fundada esperança na restauração da Monarquia Constitucional sob o cetro de nosso Imperador "de jure" Dom Luiz de Orleans e Bragança.

Menelau Santos -   29/11/2021 11:03:20

Reflexão excelente. Às vezes me pergunto, qual a diferença entre uma má democracia e uma ditadura? Na realidade, os 513 parlamentares servem só para engordar a folha de pagamento do Congresso e aumentar nossos impostos.

carlos edison domingues -   29/11/2021 10:49:25

PUGGINA. No Jornal do Comércio de hoje - Coluna Frases e Personalidades - se manifesta Alexandre de Moraes, ministro do STF: " A nova extrema-direita tenta se eleger para corroer as instituições " Entendo que a instituição mais corroída, nestes últimos 15 anos é o S.T.F. o que justifica a "tentativa de se eleger" por parte da "direita" para formar um Poder Legislativo com a independência, dignidade e altivez que o atual não conhece. Carlos Edison Domingues O.A.B. RS 3.626

Jorge Fenerich -   29/11/2021 10:20:50

Nunca foi tão necessária uma reforma político eleitoral neste país mas como consegui-la?

Jorge Aragão -   27/11/2021 20:26:34

Essa pouca vergonha dqueles que foram eleitos para defenderem os interesses do povo só acabará quando o eleitor drixar de dar o seu voto em troca de algum beneficio e trocar todos esses vendedores de ilusão por pessoas sérias comprometidas com os anseios do povo e sòmente aqueles que são patriotas e querem um Brasil melhor poderiam melhorar esse País.

Maria Apreciada Novaes Theodoro -   27/11/2021 14:25:27

CONGRESSO 10 % VERDADEIR!!!! 90 % MENTIROSO, IMORAL, DESUMANO, JUNTO AO STF

Marco -   27/11/2021 09:48:16

É por isso que o Congresso NUNCA irá votar uma EC que permita a tão sonhada CANDIDATURA AVULSA, onde o candidato pode concorrer a um cargo sem partido. Eles tem dedo que sejam eleitos 594 (513+81) parlamentares independentes. Já pensou que lindo? Abraços.

Helvécio Gouvêa Neto -   26/11/2021 19:37:14

Temos políticos ou mafiosos?

Manoel Luiz Zatar Bailet Candemil -   26/11/2021 17:11:14

Percival Puggina: A resposta para a questão contida no artigo é simples. Ocorre que os partidos políticos, em que o cidadão não votou - pois é lógico que o eleitor decide seu voto pelo candidato, formados por muitas pessoas que não são políticos, nem concorrem a cargos públicos, são os que decidem as questões nacionais, não passando muitos políticos eleitos de marionetes.