• Percival Puggina
  • 19/04/2017
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O VENENO DA MENTIRA E A EDUCAÇÃO

 

 "Um país se faz com homens e livros", ensinou Monteiro Lobato ao Brasil de seu tempo, de maioria analfabeta. Por via de consequência, podemos afirmar que a construção de um país passa, também, por professores e livros didáticos. Estas verdades acacianas foram entendidas pelos totalitarismos, que sempre usaram o sistema de ensino para a indigna tarefa de moldar gerações segundo os devaneios de seus dirigentes políticos. E a missão prossegue, mesmo em regimes de feição democrática, mediante infiltração, para idêntico fim, de modo militante, nas mentes dos homens e na alma dos livros.

 Não é só a escola, portanto, que deve ser sem partido. Também ao material didático impõe-se essa condição. Contam-se às dezenas de milhões os livros que os governos de esquerda e centro-esquerda enviaram às escolas para transmitir aos estudantes brasileiros visões distorcidas da política, da economia, da história, da vida social, do cristianismo e da Igreja Católica. Tivessem maior credibilidade os militantes da causa, não fossem tão escandalosamente sectários, não abusassem tanto do poder de ensinar que lhes foi outorgado, não fossem tão desautorizados pelos fatos, e o estrago teria sido muito maior.

 A mais recente edição do Fórum da Liberdade - "O futuro da democracia" - foi uma evidência de que nem tudo está perdido. Milhares de estudantes lotaram espontaneamente o auditório da PUC/RS, durante dois dias, para assistir e aplaudir, com entusiasmo, conferencistas nacionais e internacionais que discorreram sobre liberdades políticas e econômicas, autonomia do indivíduo, papel subsidiário do Estado, empreendedorismo e causas estruturais da pobreza e da riqueza. Chega a ser surpreendente que aqueles jovens procedessem de salas de aula nas quais apenas 20% dos professores se consideram politicamente neutros; onde 86% deles, na opinião dos alunos, transmitem um conceito positivo de Che Guevara, e 78% creem que seu principal papel seja o de "formar cidadãos" já se sabe para quê (matéria completa do Spotniks aqui).

 Mas não é só por livros didáticos e professores militantes que o veneno da mentira e da ocultação da verdade a serviço da causa se infiltra no meio estudantil. Tal prática parece correr solta, também, em sites com conteúdos escolares. É o de que me adverte um leitor, diante de matéria no portal "Brasil Escola". No meio de um texto que descreve a situação da Alemanha no período entre as duas grandes guerras e o surgimento do nazismo, o autor do conteúdo permitiu-se instalar este "jaboti":

"Em 1917, a Rússia, comandada pelo socialista Lênin, derrubou o governo do Czar Nicolau II e instaurou uma nova forma de governo democrático: o comunismo. Os países que baseavam suas economias no capitalismo e na exploração do trabalhador se viram ameaçados. Uma onda de movimentos antidemocráticos surgiu no cenário mundial, com o intuito de conter o crescimento do comunismo."

Se você enxerta uma opinião pessoal em meio a um relato histórico neutro, você amplia a credibilidade da propaganda que faz. Mutretas como essa saltam de livros didáticos, sites de educação, polígrafos, provas escolares, exames do ENEM, mostrando que Escola sem Partido é uma imposição da realidade. Para dizer como os "companheiros": é preciso problematizar essa falta de escrúpulos e de limites. O país não pode ficar refém do atraso e da perfídia de deseducadores.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.



 


RONALDO TENÓRIO -   20/04/2017 19:40:50

O Professor Puggina como sempre nos oferece um artigo que nos leva a meditação sobre o tema e nos dá subsídios para uma investigação diária nos livros de nossos filhos, sobre a orientação vermelha na educação. É preciso que nos mantenhamos alertas sobre essa prática para que as nossas orientações domésticas não sejam prejudicadas por professores e temas inseridos em livros didáticos que venham a prejudicar as mentes de nossos garotos ainda não formadas. Muito cuidado!

Genaro Faria -   19/04/2017 21:30:17

Para os companheiros ou camaradas, educação, cultura e até entretenimento é sinônimo de propaganda. Não há nada neste mundo que essas criaturas insuportáveis não usem como instrumento para o seu proselitismo. Até um batizado, noivado ou reunião de condomínio motivam os "profetas" a anunciar um novo mundo, abençoado pelos seus deuses e maldito pelos demônios conservadores. É por isso que, parafraseando Nelson Rodrigues, "não há solidão maior no mundo que a companhia de um..." não me censurem - comunista.

Jonny Hawke -   19/04/2017 15:36:07

Professor, depois que vi um trabalho de 8º série falando sobre "ideologia de gênero" na internet digo que a educação está minada tanto a pública quanto a particular. Na escola do meu filho (que era particular) bati boca com a diretora que como ela pode pregar Paulo Freire sem saber ao menos a história do cara (fazendo uma rápida consulta na internet) resultado: um aluno a menos pra eles doutrinarem, pois coloquei meu filho em outra.