• Percival Puggina
  • 08/11/2021
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O RABO DOS MACACOS

 

Percival Puggina

 

         De uns tempos para cá, a militância esquerdista brasileira parece haver encontrado o que fazer na afirmação de pautas ambientais e identitárias, ideologia de gênero, domínio do vocabulário e imposição do “politicamente correto”. A jornada se completa com algumas ações do tipo “Fora Bolsonaro” escrito assim, sem vírgula e sem ponto de exclamação. Mas aí já seria exigir demais.

Ao procurar votos por esses caminhos, estabelecendo a cizânia e, principalmente, restringido a liberdade de expressão, a esquerda acordou sua adormecida divergência natural. Aqui e ali, dispersos, os conservadores começaram a sentir cheiro de fumaça e passaram a reagir de modo inevitavelmente crescente, num mecanismo de autodefesa.

Lembro-me bem da primeira vez em que fui advertido de estar sendo politicamente incorreto. Eu criticara o incremento da gravidez na adolescência e seus efeitos, por vezes devastadores, sobre a vida de tantas jovens. Lá pelas tantas, denunciei a promiscuidade incentivada pela moderna produção “cultural”, especialmente por aquela produção voltada para a juventude. Meu interlocutor julgou-se no direito de me acusar de estar sendo politicamente incorreto ao desqualificar, com palavras e autoritarismo moralista, a “opção” das garotinhas. Minha resposta foi ainda mais incorreta e não caberia reproduzir aqui.

Por cancelar o debate sobre certos temas ditos sensíveis e dá-los por consensuais e irrecorríveis – malgrado sejam insustentáveis numa interlocução esclarecida e bem intencionada – o “politicamente correto” deixa de ser civilizado e benéfico para ser uma velhacaria.

Impõe, assim, uma servidão mental e se vai, pouco a pouco, entregando as liberdades para o discernimento e a tutela daqueles que confiam mais no Estado e no partido do que em si mesmos e na sociedade. Parcela poderosa do Estado e muitos partidos querem exatamente isso.  

Breve não lembraremos mais o caso do jogador Maurício Souza, como não lembramos o caso do delegado que, manifestando-se sobre o estupro de uma menina de 11 anos pelo homem que vivia com a mãe, afirmou “haver crianças pagando muito caro pelo rodízio de padrastos em casa”. O autor da frase foi qualificado como machista e exonerado da função que ocupava na área de comunicação social de sua instituição.

Sempre que me deparo com esse tipo de abuso, essa estatização de conceitos, versões e narrativas como ação política, fico me perguntando se é para isso que nós, cidadãos, formamos partidos e instituímos poderes. Onde e quando esses poderes e partidos ocupam-se do Brasil real? 

Principalmente, quando vão entender quão politicamente incorreto é seu agir e o quanto são cúmplices, por omissão ou interesse próprio, em relação a tantos de nossos males? Existe algo politicamente mais incorreto do que políticos incorrigíveis?

* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


jose inacio camino boaz -   16/11/2021 08:25:28

E pensar que ABL tem tornado IMORTAIS, pessoas que nunca escreveram nada além de recados...

Maria Carvalho -   15/11/2021 11:58:04

Muito bom! Devemos estar sempre alerta. Nossa casa é um santuário e nossos filhos, nossa maior responsabilidade.

José Arnaldo Amaral -   15/11/2021 07:59:33

As graças do Senhor dos Exércitos estão sendo derramadas aqui no Brasil sobre intelectuais de elevadíssimos compromissos com os princípios basilares da civilização judáico-cristã. Percival Puggina e Olavo de Carvalho são expoentes desta heróica corrente de pensamento. Longa vida p ambos !

Marcus Borelli -   13/11/2021 14:30:00

Resumo: o mundo está muito chato.

Cezar Monteiro -   11/11/2021 17:58:15

Parabéns pela abordagem pontual e clarividente de questao momentos.

Rejane M. Lehugeur -   11/11/2021 12:23:18

Uma queda de braço inglória, lutar contra o que de pior...abjeta e apodrecida é a esquerda. Temos um diferencial, acreditamos em DEUS e na sua Justa Justiça.????????????

Nanci Matos -   09/11/2021 20:44:38

Parabéns!! Não deixe de escrever!!

Ronaldo Benevello -   09/11/2021 20:21:41

Sempre preciso em seus comentários e com opiniões brilhantes e contagiantes.

regina cely menduina ramos cabra -   09/11/2021 20:21:23

A esquerda não sabe o que é democracia. A esquerda desconhece valores morais edificantes. A esquerda é pobre, podre e abjeta. A esquerda só entender de seus direitos mas, desconhece seus deveres

Silma -   09/11/2021 19:32:28

Sempre preciso e renovador… realmente como deixamos isso acontecer no Brasil… até onde seremos conduzidos pelos políticos brasileiros?

Alexandre CHAN -   09/11/2021 13:21:10

Gostava de me sentir progressista e do lema positivista da bandeira. Sugiro à maestria de sua pena uma possível análise comparativa entre os "progressismos" de antes e os de hoje.

JR Vilhena -   09/11/2021 11:47:39

Caro amigo Puggina, belo e lúcido artigo. Enfrentamos, há algumas décadas, a nova tática de trabalho do movimento comunista ( esquerda), trata-se de retirar da linha de frente a luta de classes, totalmente sem apelo entre a multidão, e substituir pelos temas ambientais, raciais, feministas, sexuais e outros que tais. Criam a confusão e através de falsas premissas geram nova utopia a fim de conduzir as massas desorientadas. Claro, sempre se passando por defensores dos " Frascos e Comprimidos". Nada de novo no front. Controlam a mídia e universidades de onde gestam e espargem o politicamente correto, desta forma ,impedem que temas sejam abordados fora da cartilha do globalismo-comunista. Tudo muito cientifico e insidiosamente tirânico. Aquele abraço!

Josué de Brito Junior -   09/11/2021 08:39:14

Sensacional ????????????????????????

Maria Tereza -   09/11/2021 06:40:19

A esquerda é perita em cancelar pessoas que pensam diferente do seu esquema. Estamos cansados de saber que, a liberdade de expressão e pensamento pertence a todos; não apenas aos canhotos. Recentemente puniram o jogador Maurício. A esquerdalha vibrou. Artistas do "elenão" vieram como hienas famintas. Dias depois uma delas (a ex de Neymar) se fantasiou de enfermeira e para sua perplexidade, sentiu na carne o que tanto propagam. Isso me faz lembrar um antigo ditado: "Não faças aos outros o que não desejas que façam a ti".

Luzia Pacheco de Aguiar -   08/11/2021 18:07:30

E assim estamos sendo calados porquê qualquer coisa que postamos que não agrade a esquerda inevitavelmente será massacrada com comentários e agressões a nossa pessoa.

marcos -   08/11/2021 17:36:44

Nobre Percival, cresço, amadureço e sinto-me transformado para maior sempre que leio seus artigos. Obrigado por nos proporcionar importantes reflexões sobre nosso entorno presente, ajudando a nos preparar para o amanhã. Abç

Magali -   08/11/2021 17:29:53

concordo plenamente com o Sr, não existe coisa pior que esse sistema político constituído de homens avarentos e pervertidos.

Lair lopes -   08/11/2021 16:04:18

Objetivo como sempre

Mara Montezuma Assaf -   08/11/2021 15:53:33

Estou bloqueada no BESTABOOK já faz 12 dias e tenho mais 18 dias de pena para cumprir. Tudo porque , diante do Dória ter perguntado , numa MUITO PRÉVIA campanha eleitoral no interior de Sergipe "quem ali já conhecia Dubai?"... eu comentei que Maria Antonieta havia perdido a cabeça por ter dito aos parisienses famintos que clamavam por pão... que comessem broches. Dória deu um de Maria Antonieta? Por isso disseram que incitei a violência e não agi de acordo com os padrões da COMUNIDADE. Que raio de comunidade é essa?

sergio -   08/11/2021 14:54:38

justo.perfeito o comentário. impressionante setores importantes do Brasil denegrir nossa imagem no exterior. deixe que os brasileiros cuidem das nossas girafas. kkkkkk. siga iluminando as mentes.

Eurides lemos -   08/11/2021 14:45:39

Nota 10. Gostaria muito saber onde vamos parar com todas essas inversões dos valores . Oxalá eu viva o suficiente pra conhecer esse desfecho!