• Percival Puggina
  • 09/10/2018
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O FASCISMO, NO PAÍS EM QUE VIVO


 A esquerda brasileira que diviniza Lula, fazendo dele luz e tudo mais poste, crava, com isso, nova baliza para marcar sua conduta fascista.

 Eu sei, eu sei. Comumente é dito o oposto. Seja nas manifestações acadêmicas e culturais, seja nas orquestrações rueiras, a acusação vai para o outro lado. Olavo de Carvalho chama atenção para o fato de o adjetivo “fascista” ser lançado como insulto sobre qualquer adversário que ouse se interpor no caminho dos partidos de esquerda. Dado que seus candidatos se deram bem mal nesta eleição, há muitos destinatários para esse adjetivo, disparado, inclusive, pelo jornalismo militante. Com efeito, alguns coadjuvantes do PT, que se mediam com a régua da própria arrogância, descobriram-se praticamente sem voto e sem povo em cujo nome falar. Juntam-se ao PT, porém, para insultar adversários: são todos fascistas...

 A maior causa da ignorância está em não suscitar qualquer mal estar físico. Se doesse, coçasse, causasse insônia ou tontura, os afetados buscariam cura através do conhecimento. O mundo seria melhor. A ignorância, no entanto, costuma vir acompanhada de uma sensação de euforia e de superior onisciência. Pois é o que normalmente acontece quando, no embate político, alguém fora do clubinho esquerdista é chamado de fascista.

 No entanto, o fascismo se caracteriza por:

Ser estatista. Mussolini dizia: “Tudo no Estado, nada contra o Estado e nada fora do Estado”. No Brasil em que vivo, tamanha reverência antiprivatista ao Estado é marca registrada da esquerda e de suas corporações funcionais. Ou não?

• Ser nacionalista e expansionista. No Brasil em que vivo, a esquerda é nacionalista em benefício do Estado e seus poderes e verbas, e não em benefício da sociedade. Para completar o quadro, tem projetos expansionistas fora de nossas fronteiras, com ditaduras do continente, com o Foro de São Paulo, com a Unasul e com a URSAL. Ou não?

Organizar parcelas da sociedade em corpos paramilitares, com estrutura de comando, exibi-los em ostensivos desfiles e mantê-los prontos para a ação, inclusive para a ação violenta. Qual a diferença essencial entre os “camisas negras” do fascismo italiano e os “exércitos” de Stédile, Boulos e os black blocs? Pois é.

• Formar, com o comunismo e o nazismo, a tríade coletivista e totalitária do século XX. A exemplo dos demais coletivismos, o fascismo desconsidera a preciosa dimensão individual da pessoa humana, diluindo-a no coletivo do estado nacional. O fascismo se opõe pelo vértice ao que pretendem liberais e conservadores. No Brasil em que vivo, ambos – conservadores e liberais – exaltam as potencialidades do ser humano livre e veem como um oneroso trambolho o Estado tão cultivado pela esquerda. Fascistas?

É muito raro, raro mesmo, que o gorro fascista seja arremessado por alguém que não o tirou da própria cabeça.

 

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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


Félix Maier -   15/10/2018 13:40:31

Caro Puggina, Como sempre, um texto soberbo, cravando uma facada na carótida da esquerdalha cada vez mais safada - incluindo a mídia militante do PT. Junto com Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, JR Guzzo e muitos outros liberais, o Sr. merece o respeito dos brasileiros de bem, por escrever a VERDADE, não a mentirada vista nos jornais, revistas e blogs em geral. Parabéns! #PTNuncaMais F. Maier

cloe espirito santo brizolla -   13/10/2018 19:14:25

Parabéns, sempre parabéns. Espero que pessoas que me taxaram de fascista e anti-cristã( por não rezar a cartilha vermelha) sejam alfabetizas e possam ler teus artigos, sempre esclarecedores. No íntimo sei que mesmo lendo, não conseguem discernir.....já se contaminaram.... Obrigada, abçs. criei uma pasta denominada Puggina.

Abrahão Finkelstein -   11/10/2018 12:10:13

Lênin ensinou: "chame seus adversários daquilo que voce é".

Djalma Souza -   10/10/2018 17:27:48

Excelente artigo professor. Sou negro de familia pobre e desde 16 anos busco meu lugar. Hoje 37 desde os 22 servidor federal. Formando em direito e tenho certeza que chegarei à magistratura fedeal. Não aceitarei migalhas de governos de Direita ou de esquerda. Forte abraço.

paulo henrique paulino -   10/10/2018 01:22:32

Vivemos em muitos Brasis, somos em sua maioria filhos da rés- publica branca e segregacionista, no país que vive quem pode e quem não pode tem que se virar, o fascismo pelas palavras de Mussolini se torna café pequeno, as potencialidades são negociadas por privilégios hereditários.

Ana Célia Santos Maia -   09/10/2018 16:52:03

Excelente ! Tudo o que eu gostaria de dizer para dezenas de pessoas que conheço que abrem a boca para falar bobagens, repetindo o que ouviram de outras pessoas que não entendem nada de nada... Obrigada, Prof. Percival Puggina, por ser nosso porta-voz!

Paulo Roberto Albieri Nery -   09/10/2018 16:38:15

Mais um precioso artigo do prof. Puggina iluminando o ar empesteado da cultura política brasileira atual. Só resta agradecer Muitíssimo obrigado professor.

Analúcia Machado Gouvêa -   09/10/2018 14:32:18

Magnífico artigo! Na verdade acredito mesmo que quando eles nos chamam de fascistas, eles não tenham ideia do que o fascismo saja, assim como eles não sabem ao certo o que é direita ou esquerda, até porque vivem dizendo que os nazistas eram de extrema direita, quando tudo o que queriam era a centralização no Estado. Estou cansada de ouvir papagaios falando e repetindo o que ouviram de outros sem terem compreendido. Só tenho uma pergunta para eles: quem paga a conta? Eu não vou pagar! Muito obrigada pelo baita texto!